Após dois dias de queda, o dólar começou a sexta-feira (5) com leve alta, na volta de feriado nos Estados Unidos, com as atenções do mercado também voltadas para a situação fiscal do Brasil.
Às 9h12 [horário de Brasília], a moeda norte-americana subia 0,12%, cotada a R$ 5,4926. Mais tarde, foi a R$ 5,46.
Nos últimos dois dias, a divisa engatou um movimento de forte queda, em resposta às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a responsabilidade fiscal do governo ser um “compromisso”, e não só palavra.
“Aqui nesse governo, a gente aplica dinheiro necessário, gasta com educação e saúde quando é necessário, mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse governo desde 2003, e a gente manterá ele à risca” disse Lula, em discurso no lançamento do Plano Safra Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto.
As falas ajudaram a amenizar temores de investidores sobre as contas públicas do país, que, entre outros fatores de pressão, levaram o dólar à marca de R$ 5,70 na máxima da sessão de terça-feira (2).
Horas depois das declarações de Lula na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente mandou manter o arcabouço fiscal e anunciou corte de R$ 25,9 bilhões para 2025 em despesas com benefícios sociais, que passarão por um pente-fino.
“A primeira coisa que presidente determinou é: cumpra-se o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, disse Haddad em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
O governo, detalhou Haddad, vai conter despesas ainda este ano para alcançar a meta fiscal e respeitar o limite de gastos. As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.
“O governo parece que alinhou o discurso interno e deu indícios de que pode olhar com mais seriedade o controle e corte de gastos, como visto nas palavras de Fernando Haddad. Se de fato isso irá acontecer, é uma dúvida que fica. Mas o mercado precisava desse incentivo para acalmar as curvas de juros e o dólar, o que de fato vemos hoje”, analisa Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
Para economistas consultados pela reportagem, no entanto, o corte de R$ 25,9 bilhões é insuficiente.
Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, afirmou que o grosso dos ajustes necessários terá que passar pelos gastos com educação, saúde e previdência.
“Os cortes anunciados passam por revisão de benefícios, o que já era o permitido pelo presidente. Vai acalmar um pouco o mercado, mas não muito. Ajustes mais significativos com um novo regime fiscal terão que ser feitos a partir de 2027”, disse o economista.
As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.
Na quinta-feira (4), o dólar fechou em queda de 1,48%, a R$ 5,485, e a Bolsa teve alta de 0,40%, aos 126.163,98 pontos.
O pregão no mercado acionário também foi embalado pela diminuição da preocupação dos investidores com as contas públicas, ainda que com liquidez reduzida por conta do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos.
Nesta sexta, a volta do feriado vem somada à expectativa pelos números de junho do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Os dados são observados de perto para ajudar a calibrar as apostas para as decisões do Federal Reserve sobre a taxa de juros.
“Nosso cenário base considera que o Fed iniciará o ciclo de flexibilização monetária em dezembro, mas reconhecemos as chances crescentes de corte de juros a partir de setembro”, afirmou a equipe da XP em nota a clientes.
Com informações da Folhapress
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