“A carne sempre foi mais barata que o peixe, mas este ano os papéis se inverteram e muitos peixes estão mais em conta”, diz dono de peixaria.
Para as peixarias, esta é a melhor data do ano, quando o consumo de pescados aumenta de forma positiva. Entretanto, para os consumidores, cabe uma “missão orçamentária” para garantir o peixe no almoço de Sexta-feira Santa, devido ao aumento da inflação dos alimentos. Nas peixarias em Campo Grande, um dos pescados mais caros é o quilo do bacalhau (R$ 60), enquanto a opção mais em conta é a sardinha, que custa entre R$ 22 e R$ 28.
Na peixaria do Antônio Matias, na Vila Progresso, em Campo Grande, na semana que antecede a data, o fluxo de clientes aumenta em torno de 300%. Em entrevista para O Estado, o comerciante explica que, apesar da diferença de preço entre o bacalhau e a sardinha, algumas receitas são feitas exclusivamente com a carne de peixe salgada.
“A principal diferença é que o bacalhau é importado, ou seja, ele vem de fora, tem o custo de transporte e passa por um processo diferente da sardinha. Isso é algo que o consumidor deve levar em consideração. E, claro, o bacalhau é o preferido para os pratos da Semana Santa, sendo insubstituível em algumas receitas”, reforçou.
Matias ainda comenta que, mesmo com os aumentos de alguns alimentos, este ano ocorreu um comportamento diferente em relação às proteínas. “A carne sempre foi mais barata que o peixe, mas este ano os papéis se inverteram, e muitos peixes estão mais em conta. Temos, por exemplo, o pacu escamado, que custa R$ 24 o quilo, e a costela de pacu, que é vendida a R$ 27. Há outras alternativas mais baratas também, como as postas de tilápia, pintado e o bolinho de bacalhau”, sugere o empresário.
Com experiência no setor de peixaria, Matias destaca que o consumidor na Capital tem suas preferências, com uma forte procura por peixes da região pantaneira, como o pacu e o pintado. Nos últimos anos, também se observa uma procura peculiar por peixes de água salgada, como camarão, polvo, anéis de lula, atum, entre outros. “E, ao contrário da carne bovina, os pescados não tiveram aumentos expressivos; apenas acompanharam a inflação”, reforça.
Cesta básica da Páscoa
Conforme o Índice de Preços da APAS (Associação Paulista dos Supermercados), a inflação das compras medida na boca dos caixas registrou uma alta de 5,8% acumulada em 12 meses até fevereiro, em decorrência da alta de preços de 14 dos 19 produtos que compõem a cesta.
O bacalhau, tradicional pescado do almoço de Páscoa, registrou alta de 0,5% em fevereiro. Apesar de uma leve alta, o preço continua elevado, afastando-o das mesas neste feriado. Segundo o índice da APAS, a sardinha foi o único peixe que registrou queda (4,9%). Todos os demais subiram, como a merluza, a corvina e o cação.
Entre os itens que terão aumento expressivo de preços, destacam-se a azeitona e o chocolate. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro de 2025, o preço das azeitonas subiu mais de 25%, enquanto o chocolate teve um aumento de 15,5%.
Os demais itens que sofreram queda foram a batata e a cebola – 59,6% e 50,5%, respectivamente. Ambos são ingredientes da bacalhoada. Os dois outros artigos com queda de preço foram o milho em conserva (4,1%) e as frutas da época (9,2%). O chocolate voltou a sofrer reajuste. Essa alta foi de 15,5%, após uma queda de 1,6% no acumulado até janeiro. Nem os bombons escaparam, com alta de 11,5%. Mesmo assim, a APAS projeta um crescimento de 4,2% nas vendas em relação ao ano passado.
Por Suzi Jarde
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