Cooperativas ‘transbordam’ investimentos para o Mato Grosso do Sul

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Novas produções despontam no mercado voltado a suinocultura, amendoim, algodão e outros 

Mato Grosso do Sul vive um momento de “transbordamento” de investimentos no cooperativismo. O setor conta com 450 mil cooperados no Estado, pertencentes a 126 cooperativas, gerando 13 mil empregos e respondeu, no ano passado, por praticamente 50% de todos os projetos feitos no Estado. Essa verve de pujança inclui empreendimentos que vão de suinocultura de alta tecnologia, até a produção de algodão para o mercado nacional.

Diante da importância do segmento para o agronegócio e economia estadual, a Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) já tem, desde 2020, o Procoop (Programa de Fortalecimento do Cooperativismo Estadual), que consiste em uma política de fomento de um ambiente favorável ao desenvolvimento e fortalecimento das cooperativas em MS.

O momento positivo do setor é destacado pelo titular da pasta, Jaime Verruck, que salienta que o Estado tem recebido inúmeras cooperativas, especialmente do sul do país. “Houve um transbordamento das cooperativas em Mato Grosso do Sul, para investir permanentemente. Isso mostra a credibilidade e a atratividade do Estado, grande produtor de matérias-primas. Os novos investimentos geram crescimento, oportunidades de emprego e desenvolvimento econômico”, citou.

O secretário salienta a forçada política voltada paara o segmento. “O Governo do Estado tem um olhar muito especial para os investimentos no cooperativismo. E esse olhar tem dado certo. Temos conseguido fazer uma expansão da estrutura de cooperativismo forte”, comentou. Recentemente, em evento em comemoração ao mês do cooperativismo, celebrado em julho, o presidente do Sistema OCB/MS, Celso Ramos Régis, destacou a importância das ações realizadas em conjunto pelo governo estadual e municípios: o Procoop, a Frencoop, a Lei da Política Municipal de Cooperativismo de Dourados, entre outras. “Tem sido um trabalho incansável de fortalecimento desse modelo de organização econômica da sociedade por meio do empreendimento cooperativo. O cooperativismo é ético, transparente, eficiente e cuida das pessoas. Essas ações têm feito a diferença, elas completam o que cada uma das nossas cooperativas têm feito. A força do nosso cooperativismo é muito grande”, citou

O governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), que acompanha de perto este avanço do setor, pontua a importância do cooperativismo no desenvolvimento do Estado, que representa 10% do PIB de MS. “50% do investimento feito no Estado, tirando os megaempreendimentos, são frutos de ação cooperativista e esse modelo faz com que a sociedade sul-mato-grossense se aproprie do desenvolvimento. São fruto e retrato disso, de participação direta desse processo.

Quando vemos que o Estado é um dos que mais cresce no Brasil, com a menor taxa de desemprego e a menor taxa de pobreza extrema, o cooperativismo tem um papel fundamental”, salientou. Novos entrepostos de grãos No início do mês, a Coamo inaugurou dois entrepostos de grãos no Estado: um em Rio Brilhante-MS e um Ponta Porã- -MS. Os dois novos entreposto da Coamo contam com quatro silos, com capacidade para 170 mil sacas cada, totalizando mais de 40.000 toneladas de produtos armazenados, com três moegas, dois tombadores bitrem, armazém de insumos com 4 mil m² e escritório administrativo/operacional com pré-classificação.

Nesta safra 2022/2023, a Coamo recebeu volume superior a 1,3 milhão de sacas de soja dos produtores da região. Com a inauguração das unidades, entre entrepostos e a indústria produtora de farelo e óleo de soja em Dourados, são 19 unidades da cooperativa que já está em atuação há 19 anos, em MS. Para o presidente da Coamo, Airton Galinari, “As duas novas unidades são de primeiro mundo e vêm ao encontro da Coamo, de estar cada vez mais perto dos seus cooperados. Teremos aumento no número de cooperados e os benefícios do pacote de serviços que a Coamo leva com desenvolvimento técnico, educacional e social. E também informações, com condições mercadológicas e novas formas de fazer negócios com estrutura para apoio na cadeia de produção”, destaca.

 

Primeira indústria de amendoim

A soja, que até então reinava soberana na linha dos investimentos, agora terá um parceiro. Mato Grosso do Sul terá sua primeira indústria de beneficiamento de amendoim. Após as negociações intermediadas pelo Governo do Estado, por meio da Semadesc, a cooperativa Casul formalizou, à Prefeitura de Bataguassu, o pedido de doação de uma área de 60 mil metros quadrados para a instalação de uma unidade industrial de secagem e beneficiamento de amendoim e de soja, com investimento de R$ 117,52 milhões. A indústria começa a ser construída em 2024 e deve entrar em plena operação até 2028, com geração de ao menos 200 empregos no município.

Os investimentos da Casul para a ampliação de sua atuação em MS já foram aprovados em assembleia. A cooperativa já conta com uma loja de insumosem Paranaíba e em Bataguassu. A indústria começa a ser construída em 2024, em uma área de 60 mil metros quadrados doada pela prefeitura e deve entrar em plena operação até 2028, com geração de ao menos 200 empregos no município. “Hoje, existem duas revendas da Casul no Estado, uma em Bataguassu-MS e outra em Paranaíba-MS. Agora, a cooperativa vai montar indústria de processamento de amendoim e também de soja. A ideia é que até janeiro 2024 eles já tenham uma parte de recepção de soja, que é um insumo que eles precisam. A partir daí, começa a construção da fábrica de beneficiamento e, consequentemente, ocorrerá o recebimento de amendoim”, comentou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

A Casul é, hoje, a terceira maior empresa na produção de amendoim e na exportação de óleo de amendoim para 14 países. A cooperativa estima faturar, esse ano, cerca de R$ 1 bilhão.

Última geração em Sidrolândia

Sexta no ranking nacional de produção, a suinocultura sul-mato-grossense abateu 3,7 milhões de animais em 2022 e produziu 247 mil toneladas de carne. Ancorada em projetos que vão de genética de última geração até a produção de biometano a partir dos resíduos suínos, a atividade tem previsão de crescer pelo menos 49% nos próximos anos, em MS.

Neste cenário, Sidrolândia-MS, que já é um polo de avicultura, recebeu, em maio, uma Unidade de Produção de Leitões da Cooperalfa. Projetada em 2019 e concluída em abril de 2023, a UPL recebeu R$ 140 milhões em investimentos e tem capacidade para cinco mil matrizes com previsão de produzir cerca de 500 leitões/dia.

Além deste projeto inaugurado hoje, as indústrias da Seara/JBS em Dourados estão prevendo a ampliação para 10 mil cabeças por dia da capacidade de abate de suínos; enquanto a Aurora, em São Gabriel do Oeste, estima incremento na expansão do abate de 3,2 mil para 6 mil animais por dia, no frigorífico.

Já a cooperativa Coperdia, vinculada ao Grupo Aurora, e já instalada no município de Jaraguari-MS, fará um aporte de R$ 100 milhões. E a Cooasgo está construindo uma fábrica de rações e ampliando sua base de produção com investimentos próximos a R$ 100 milhões. O conjunto de investimentos em toda a estruturação da cadeia produtiva de suinocultura faz parte da visão estratégica do governo.

Indústrias dão novo perfil

A agregação de valor às matérias-primas tem sido um destaque nos empreendimentos cooperativistas. Um exemplo recente é da Copasul. Com investimentos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, a Copasul lançou, no início de julho, a pedra fundamental da Unidade Industrial de Processamento de Soja no terreno ao lado da Fecularia da cooperativa, às margens da Rodovia BR163, em Naviraí-MS. Os recursos serão investidos na construção das estruturas e ampliação da capacidade de armazenamento de grãos para atender a própria demanda. A meta é que a fábrica esteja operando em dois anos. A estimativa é gerar 150 empregos diretos e cerca de 1.900 indiretos, quando a indústria estiver em pleno funcionamento, o que representa renda, em salários, da ordem de R$ 4,2 milhões por ano.

O empreendimento deve adicionar, ainda, R$ 3 bilhões ao PIB de Mato Grosso do Sul e recolher R$ 230 milhões em impostos anuais para os cofres públicos.

A indústria vai produzir óleo bruto, farelo de soja e casca peletizada e terá capacidade para processar 3 mil toneladas, ou 50 mil sacas, de soja por dia, além de armazenar, nas próprias instalações, 150 mil toneladas de soja em grão, 70 mil toneladas de farelo, 10 mil toneladas de óleo degomado bruto e 3,6 mil toneladas de casca. Entre os principais destinos para os produtos estão a fabricação de biodiesel, de rações e refino de óleo, além do mercado de exportações.

Quando estiver em funcionamento, a unidade representará um aumento de 20% da capacidade de processamento de soja em MS, que vai saltar de 14,5 mil toneladas para 17,5 mil toneladas diárias. Além dos investimentos de R$ 1,013 bilhão na indústria, em si, acooperativa vai investir outros R$ 336 milhões em melhorias no fluxo de recebimentos de grãos e ampliação da capacidade de armazenamento em suas unidades de silos em Amandina, Anaurilândia-MS, Deodápolis-MS, Itaquiraí-MS, Maracaju-MS, Naviraí-MS e Novo Horizonte do Sul-MS.

Foto: Mairinco Celso de Pauda

A Copasul, que completa 45 anos, inaugurou a Unidade Industrial de Fiação 2, uma ampliação da indústria que opera na cidade há 27 anos. A planta tem capacidade para aumentar em até 2 mil toneladas a produção mensal de fios da empresa. Isso representa um crescimento de 15% na produção atual da cooperativa. Os investimentos totalizam R$ 100 milhões, sendo R$ 70 milhões obtidos junto ao FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), por meio da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Os valores incluem a indústria e subestação de energia que foi construída pela Copasulpara atender à ampliação da demanda por luz.

De acordo com o presidente-executivo da cooperativa, Adroaldo Taguti, mais de 85% de seus associados classificam-se como pequenos produtores rurais. A produção de fios, segundo ele, será comercializada com empresas localizadas em SP, SC, PR e em outros Estados, em menor quantidade. “Mais uma vez, vemos o FCO como linha de crédito primordial para o desenvolvimento do Estado e por meio de cooperativas, que são grandes investidoras em MS. Neste caso, a Copasul está investindo em duas áreas: grãos e algodão, gerando emprego e renda em municípios pequenos e agregando valor à produção local. Ação totalmente alinhada com o Procoop, programa do governo de incentivo ao cooperativismo”, explica o secretário e presidente do Conselho Gestor do Fundo, Jaime Verruck.

 

[Bruno Arce– O ESTADO DE MS]
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