Com fim de auxílio, caminhoneiros esperam ajuda para melhorar a frota

Caminhoneiros ainda ocupam trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica, Rio de Janeiro. Fotos: Thomaz Silva- Agência Brasil
Caminhoneiros ainda ocupam trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica, Rio de Janeiro. Fotos: Thomaz Silva- Agência Brasil

Benefício encerrou em dezembro do ano passado

Após o fim do auxílio caminhoneiro – programa do governo federal –, a categoria de Mato Grosso do Sul quer, pelo menos, uma ajuda para conseguir renovar a frota.

Além disso, o presidente do Sindicam-MS (Sindicato dos Caminhoneiros de Mato Grosso do Sul), Osni Belinatti, reclama de nem a metade ter recebido o auxílio. Ao todo, o Estado tem 8 mil profissionais autônomos, sendo que nem mil receberam. “Infelizmente, nem mil profissionais receberam o benefício no Estado. Com o novo governo federal esperamos as novas soluções para que a renovação da frota venha a ser implementada”, destaca. 

Somente em Campo Grande, a categoria contabilizou cerca de 4 mil motoristas que poderiam receber o auxílio. O benefício de R$ 1 mil mensais para os motoristas começou no dia 9 de agosto com o número total de 190.861 caminhoneiros na primeira etapa de todo o Brasil.

A reportagem do jornal O Estado conversou com caminhoneiros para saber a respeito do fim do benefício que teve o último pagamento no mês de dezembro de 2022. 

O transportador de ferragens Luiz Antônio Gualda, 58 anos, conta que o benefício irá fazer falta, pois a instabilidade da categoria está grande. “Se continuar do jeito que está, os caminhoneiros irão começar a largar a profissão.

Os fretes estão cada vez mais parados e, quando tem, o profissional nunca sai com vantagens.” Luiz Antônio reforça que o dinheiro ajudou para pagar as contas da família e realizar as manutenções no veículo, que são muitas e estão cada vez mais caras.

“No mês de outubro, os objetos do caminhão estiveram com um bom preço. Porém, voltou a ter alta e está com o preço elevado. Os profissionais estão tendo que optar em manter a família ou pagar o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). Estamos em uma situação difícil.”

Além disso, o motorista reforça que atualmente é preciso arcar com todas as despesas. “Estamos nas estradas todos os dias e mal temos tempo para descanso e, mesmo assim, acabamos não sendo valorizados. Nesta semana, estava viajando quando precisava tomar um banho para dormir. Porém, às vezes nem pagando os postos de combustíveis nos aceitam no local. Estou cansado e, agora, sem o benefício irá prejudicar a nossa categoria”, conclui Gualda.

Há mais de 40 anos trabalhando como caminhoneiro, Pedro Gabbi, 59 anos, teve um pensamento diferente do colega de profissão. “O fim do benefício não irá mudar em nada. Trabalho há mais de 40 anos como caminhoneiro e sempre trabalhei. Então, vou continuar trabalhando. Lógico, que o dinheiro extra ajudava, mas acredito que tendo serviço para = todos é o que importa. “Meu pensamento sempre foi de que, se tiver trabalho, tudo está resolvido. Se a categoria continuar tendo as viagens, não iremos sentir tanta falta do Auxílio Caminhoneiro”, disse Pedro. Ele conta que usava o pagamento extra para ajudar em casa com a família e realizava as manutenções do veículo, que têm bastante gasto. Para o caminhoneiro, Gilmar José de Oliveira, 45 anos, com o fim do benefício não tem o que fazer e o jeito é continuar trabalhando. “Com o dinheiro consegui ajudar muito nas despesas em casa, pois o cenário econômico está com tudo caro e acaba que as despesas são maiores. Sendo assim, a falta do auxílio irá comprometer a renda no fim do mês.”

Além disso, Gilmar relata que “as estradas são ruins, as únicas que estão boas são de Mato Grosso do Sul, as outras estão péssimas e, com isso, precisamos realizar a manutenção do caminhão com frequência e acabamos gastando mais. A preocupação e o medo estão cada vez maiores”, finaliza. 

Beneficiários

Os beneficiários que tinham o direito de receber o Benefício Caminhoneiro – TAC eram os transportadores autônomos de carga cadastrados no RNTR-C (Registro Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas) da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Conforme a decisão, os profissionais deviam estar com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e CPF válidos, entre outras exigências.

Além disso, o auxílio seria pago a cada transportador autônomo independentemente da quantidade de veículos que tivesse.

O pagamento estava sendo depositado nas contas poupanças social digital e poderia ser movimentado por meio do aplicativo Caixa Tem – que permite a compra em lojas virtuais cadastradas, o pagamento de contas domésticas e a transferência para qualquer conta bancária.

Por meio da PEC (Proposta de Emenda à Constituição), o Auxílio Caminhoneiro foi aprovado pelo Congresso no mês de julho de 2022. O projeto teve início no dia 9 de agosto e o último pagamento foi realizado no dia 10 de dezembro, segundo os dados do Ministério do Trabalho e Previdência.

“No país, está tudo caro, então está sendo cada vez mais difícil manter um caminhão com todas as despesas”, diz o caminhoneiro, Luiz Antônio Gualda, 58 anos,

 

Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS

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