Alta anual de 1,20% ocorreu apesar das quedas expressivas de arroz, leite, feijão e tomate
Campo Grande fechou 2025 com a cesta básica mais cara entre as capitais que registraram alta no ano. O conjunto dos 13 alimentos atingiu R$ 779,56 em novembro, alta acumulada de 1,20%, e manteve a Capital entre as poucas cidades onde o custo não recuou ao longo de 2025, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica do DIEESE e Conab.
A elevação anual ocorreu mesmo com recuos expressivos em produtos essenciais que tiveram forte influência deflacionária em outras regiões do país. arroz, leite, feijão e tomate, itens que compõem o núcleo alimentar das famílias e que registraram quedas generalizadas no território nacional, também ficaram mais baratos em Campo Grande. Ainda assim, esses recuos não foram suficientes para contrapor o avanço de alimentos que, isoladamente, exerceram pressão mais intensa no orçamento.
Pressões concentradas sustentam a alta
Ao longo do ano, o café em pó foi o item que mais subiu em Campo Grande, acumulando valorização de 39,89% entre dezembro de 2024 e novembro de 2025. O tomate, apesar de ter recuado em novembro, também aparece entre os produtos com maior aumento no acumulado, com alta de 23,95%. Farinha de trigo (8,60%), óleo de soja (6,36%), pão francês (3,59%) e banana (2,64%) também contribuíram para o movimento ascendente da cesta.
A carne bovina de primeira, que tem peso significativo no cálculo, encerrou o período com alta de 1,44%. O comportamento está alinhado ao cenário nacional de exportações em ritmo elevado e oferta doméstica ajustada, o que sustenta preços no varejo mesmo em meses de menor consumo.
Quedas relevantes não foram suficientes
No campo das reduções, Campo Grande registrou uma das maiores quedas de batata entre todas as capitais, recuo de 27,84% no ano e de 52,45% na comparação em 12 meses. Arroz (-36,77%), feijão carioca (-9,21%), açúcar (-8,96%), manteiga (-4,40%) e leite integral (-1,50%) também influenciaram para baixo o custo do conjunto de alimentos.
No entanto, a intensidade das quedas ocorreu majoritariamente em produtos mais vulneráveis à variação de safra e com impacto menos estrutural na formação do preço final da cesta. Já os itens em alta, especialmente café, trigo, óleo e carne, exercem pressão mais duradoura e acabaram determinando o saldo positivo do ano.
Campo Grande se distancia da tendência nacional
O comportamento da Capital se diferencia do observado na maior parte do país. Em novembro, 24 das 27 capitais acompanhadas registraram queda na cesta básica, pressionadas por reduções simultâneas de arroz, tomate, leite e açúcar. Campo Grande, ao contrário, integrou o pequeno grupo de cidades onde houve aumento no mês (0,29%), ao lado de Rio Branco (0,77%) e Belém (0,28%).
Ao longo de 2025, esse padrão de relativa rigidez nos preços se manteve, fazendo com que o município liderasse o custo da cesta entre as cidades que encerraram o ano com variação positiva.
Em novembro, o trabalhador de Campo Grande remunerado pelo salário mínimo precisou de 112 horas e 59 minutos para adquirir os alimentos básicos, tempo maior que o necessário em outubro. Considerando o salário mínimo líquido, o comprometimento da renda alcançou 55,52% no mês, proporção superior à média nacional.