Devido a valorização do dólar, o faturamento com as exportações cresceu 16,5% em fevereiro
Mesmo com muitos desafios, 2024 foi um ano de fundamental para concretizar o Brasil como um país marcante nas lideranças globais de exportação de carne bovina. Segundo dados disponibilizados pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), que foram reunidas pela ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), o Brasil exportou cerca de 2,89 milhões de toneladas de carne bovina, representando um crescimento de 26% em relação a 2023.
Já neste começo de ano, o Brasil alcançou um novo marco no setor agropecuário, exportando 219 mil toneladas de carne bovina em fevereiro de 2025. Esse volume é o maior registrado para esse mês desde 1997 e representa um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, o faturamento com as exportações aumentou 16,5%, impulsionado pela valorização do dólar.
Em nível nacional, Mato Grosso do Sul também se destacou de forma positiva no ano anterior. O estado aumentou sua receita com a exportação de carne bovina em 33,73% em 2024 em comparação ao ano de 2023. O faturamento subiu de US$ 956,236 milhões para US$ 1,278 bilhão. Em fevereiro deste ano, o Estado já registrou um superávit da balança comercial de US$ 997 milhões, crescimento de 8,6% em relação ao mesmo período de o ano passado, com a carne bovina representando 15,4% das exportações.
Para o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, os dados recentes sobre a exportação do Estado já indicam um ano favorável para a economia e crescimento de Mato Grosso do Sul. “Em 2025, o primeiro bimestre já sinaliza que o ano será bastante favorável para as nossas vendas externas, com um crescimento de 24% na receita e 17% em volume, em relação a 2024. Só a China aumentou em 17% suas importações de carne bovina de MS”.
A consultora técnica da Famasul, Eliamar Oliveira explica que o aumento das exportações movimenta não só movimenta a economia do Mato Grosso do Sul, como também amplia a receita das empresas. “As exportações viabilizam os investimentos para aumentar a capacidade de processamento e estimulam a abertura de vagas no mercado de trabalho que por sua vez contribuem para a renda da população e consequentemente geram a circulação de dinheiro na economia”.
Eliamar ainda destaca que o a produção das carnes tem ganhado relevância após investimentos nas indústrias e no setor da pecuária. “O setor produtivo é beneficiado à medida que o mercado complementar e mais amplo, garante às indústrias um maior faturamento, a manutenção das margens financeiras e a boa capacidade de pagamento para ofertar melhor valor para a arroba”.
Referência Internacional
Em nível nacional, a China segue sendo o principal destino para as exportações do Brasil, recebendo 1,33 milhão de toneladas e gerando uma receita de US$ 6 bilhões somente no ano passado. No entanto, outros mercados têm ganhado destaque ao longo dos últimos 12 meses. Os Estados Unidos, com 229 mil toneladas e US$ 1,35 bilhão; os Emirados Árabes Unidos, com 132 mil toneladas e US$ 604 milhões; a União Europeia, com 82,3 mil toneladas e US$ 602 milhões; o Chile, com 110 mil toneladas e US$ 533 milhões; e Hong Kong, com 116 mil toneladas e US$ 388 milhões, destacam-se como mercados importantes e promissores para a carne brasileira.
Com a recente ida do Presidente Lula (PT) ao Japão, o Brasil criou novos laços com os países que contemplam o continente Asiático. Durante a visita, o presidente iniciou uma parceria entre Brasil e Vietnã assinaram documento para Implementação da Parceria Estratégica entre os dois países, que dentre o acordo prevê a abertura do país asiático à carne bovina brasileira. Em nota, O presidente da ABIEC, Roberto Perosa comentou que o com a nova parceria, o país deverá exportar mais de 300 mil toneladas de carne bovina ao Vietnã. “O produtor brasileiro, a indústria brasileira da carne bovina terá mais oportunidade de diversificação do envio dos produtos ao exterior, garantindo o abastecimento interno no Brasil e complementando a renda com as exportações para o mercado da Ásia. Um momento muito feliz da indústria da carne bovina”, ressaltou Roberto.
Já em Mato Grosso do Sul exportou carne bovina para 15 países, sendo eles: China, Estados Unidos, Chile, Turquia, Emirados Árabes Unidos, México, Egito, Uruguai, Itália, Israel, Arábia Saudita, Argélia, Hong Kong, Filipinas e Alemanha.
Estabilidade na arroba
A exportação de carne brasileira, especialmente para mercados como China, União Europeia e outros países da Ásia, pode impactar os preços internos da arroba do boi gordo. Uma pesquisa recente do Cepea mostrou que, na parcial de março de 2025, o preço do boi gordo teve uma leve melhora, mas, ainda assim, registrou a segunda queda consecutiva. No entanto, esse preço está mais de 30% acima do que foi praticado no mesmo período em 2024. Desde o começo de março, os preços da arroba do boi gordo ficaram bastante estáveis, com pequenas variações. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre quarta-feira (26) e quinta-feira (27), as médias oscilaram entre R$ 295,99 e R$ 297,96.
Guilherme Bumlai destaca que a relação entre as exportações de carne e o mercado interno tem sido um fator crucial para a dinâmica do setor e estabilidade no preço do boi. “O principal impacto dessas exportações na economia local é que esse fator tem servido para manter os preços da arroba do gado gordo pelo menos estáveis, diante da estagnação para queda do consumo doméstico de carne bovina”.
Para o economista Eduardo Matos, a relação entre as exportações de carne e os preços da arroba do boi é marcada por uma dinâmica de tensão entre os produtores rurais e os compradores, como os frigoríficos. Ambos buscam maximizar suas margens de lucro, o que leva a um “cabo de guerra” constante pela definição dos preços. “Nos mercados de commodities, especialmente na pecuária, há uma constante disputa entre compradores e vendedores. Frigoríficos e produtores rurais estão sempre buscando otimizar suas margens de lucro”.
Segundo o economista, a valorização do dólar e a competitividade com outras proteínas animais são fundamentais para o aumento da demanda pela carne bovina brasileira no mercado internacional. “A valorização do dólar, junto com o preço de outras proteínas animais, torna a carne bovina brasileira mais competitiva no mercado internacional. Para os países importadores, a carne fica mais acessível quando o real está desvalorizado em relação ao dólar. Além disso, quando o preço de substitutos como frango, ovos e carne suína está próximo ao da carne bovina, a demanda pela carne do boi tende a aumentar. Isso explica a expansão da demanda pela carne bovina brasileira nos mercados externos”.
Por João Buchara e Suzi jarde
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