Busca por renovar a casa antes do Natal muda cenário para comerciantes do setor da construção

Foto: O Estado MS
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Com o pagamento do 13º, consumidores priorizam pequenos reparos, mas lojistas esperam retração após as festas

 

Entre portas substituídas para receber as visitas de fim de ano e paredes que ganham novas cores para atravessar 2026 com outro fôlego, o movimento nas lojas de material de construção mostra um comportamento típico de dezembro. Com o 13º salário pago, a casa volta ao centro das prioridades. Pequenos reparos, ajustes acumulados e melhorias rápidas passaram a disputar espaço com as compras de Natal e, ao que indicam os comerciantes, estão ganhando.

Na Rua da Divisão, Karoline Casarin, proprietária do Flávio Materiais de Construção, afirma que o mês superou as expectativas. “Teve um aumento de 30% no nosso movimento. É muito significativo”, relata. Embora atribua parte desse avanço ao reforço nas redes sociais, ela considera que o pagamento do décimo terceiro foi determinante: “Acredito que o décimo influenciou bastante”.

O comportamento repete a tradição do setor, mas, desta vez, com intensidade maior. “Em dezembro a gente sempre espera um mês bom, porque todo mundo quer reformar a casa, pintar, trocar alguma coisa. Mas este ano nos surpreendeu. Foi melhor que o dezembro passado”, afirma.

As tintas, portas e pisos foram os materiais mais procurados pelos clientes, além de itens destinados a reparos domésticos. “O pessoal troca uma porta, renova a pintura, compra válvula de descarga, caixa acoplada, lâmpada. São soluções rápidas”, explica. Já produtos de “linha pesada”, como areia, pedra e cimento, recuam nesta época, já que grandes obras desaceleram.

O tíquete médio da loja também apresentou melhora. “Em novembro do ano passado, era de R$ 144; este ano, subiu para R$ 193”, detalha Karoline. Apesar do avanço, ela pondera que o crescimento ficou abaixo do esperado diante dos investimentos feitos ao longo de 2025.

O comportamento de pagamento nesta época também muda. “Agora em dezembro é mais à vista. A venda normalmente é parcelada porque a pessoa deixa o dinheiro para pagar o pedreiro, mas neste mês o pagamento à vista aumenta bastante”, diz. Ela lembra ainda que itens essenciais tiveram reajuste: “O cimento que eu vendia a R$ 35,50 no ano passado hoje está R$ 38,90. A areia, que era R$ 79,90, passou para R$ 90,20”.

Na Valdir Materiais de Construção, porém, o cenário é outro. A gerente Aline Brito afirma que o movimento não sofreu impacto direto do 13º salário. “Não teve aumento por causa do décimo. Na verdade, a gente vem mantendo o mesmo ritmo desde janeiro”, explica. Para ela, o setor enfrenta retração prolongada, e o comportamento deste fim de ano apenas confirma a tendência.

Os produtos mais buscados seguem o padrão histórico. “Final de ano aumenta a procura por material básico: pedra, meia-esquadra, cimento. Tinta e piso também têm uma leve alta”, afirma. O tíquete médio cresceu cerca de 8% de outubro para novembro, com maior procura pelos itens de acabamento, que agregam maior valor. Já na forma de pagamento, o padrão muda pouco. “A gente vende muito parcelado, mas agora deu uma aumenta no Pix e no dinheiro.”

Quanto a preços, Aline relata estabilidade no cimento, mas alta relevante em ferragens. O abastecimento segue regular, com fornecedores organizados antes do recesso. Sobre o perfil das obras, confirma que são intervenções de pequeno a médio porte, voltadas majoritariamente à estética e à funcionalidade. “O pessoal quer deixar a casa mais bonita para o Natal”, resume.

Tanto Karoline quanto Aline concordam que o fôlego de dezembro não se estende para janeiro. “Janeiro costuma não ser muito bom. Sempre pode surpreender, mas geralmente dá uma retraída”, diz a dona do Flávio Materiais. Na empresa em que Aline atua, o comportamento é semelhante: “Janeiro e fevereiro dão uma caída. A melhora costuma começar em março.”

 

Por Djeneffer Cordoba

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