Setembro marca o 5º mês consecutivo de valores mais altos nas faturas
O mês de setembro chegou mas não trouxe mudanças nas contas de energia dos consumidores, a conta de luz continuará com a bandeira tarifária vermelha patamar 2, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o que significa contas de energia elétrica com adicional de R$ 7,87 para cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.
As condições que se estendem nos últimos 5 meses, com poucas chuvas deixando os reservatórios das usinas abaixo da média, não são favoráveis para a geração hidrelétrica. Com isso, há necessidade de mais acionamentos de usinas termelétricas, que têm um alto custo de funcionamento, que é embutido na bandeira vermelha patamar 2 que permanece acionada no mês de setembro.
Em análise realizada pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), instituição que realiza o monitoramento do consumo de energia elétrica no país, Mato Grosso do Sul segue registrando baixa no consumo dos últimos meses, com acumulado em -7%.
Nos primeiros quatro meses de 2025 a média no consumo foi de 193,3 MWm, houve redução no consumo de energia elétrica do sul-mato-grossense a partir de maio, quando foi instituída a bandeira amarela. Junho registrou a menor taxa de consumo no MS, com uma média de 149,87 MWm.
Impacto no bolso
Sem previsão para o fim da tarifa, consumidores têm sentido o impacto direto no bolso, muitas vezes em um valor que afeta diretamente a renda das famílias. Opções têm surgido, como a instalação de painéis solares, uma maneira de mitigar os gastos com energia elétrica.
Para o consumidor, Weskley Monteiro de Souza, a instalação de painéis solares na casa do seu pai aliviou os gastos em sua residência. “Meu pai, como medida de redução de custos fez a instalação solar na casa dele e conseguimos interligar a minha luz com a dele, e como ele colocou a placa solar nos deu uma boa economia”.
Mas para aqueles que não conseguem adotar esses tipos de medida, o gasto têm comprometido grande parte da renda. “Mas na casa da minha sogra, que não possui placa solar, percebemos um aumento nesses últimos meses. E esse aumento realmente pesou no bolso deles, minha sogra paga cerca de R$ 700 na conta de energia, ela e meu sogro, aposentados, recebem em média um salário mínimo, a conta não fecha e mais de 30% da renda deles vai só com a conta de luz”, finalizou Weskley.
Controle dos gastos
Com a continuidade do acréscimo nas contas de energia, medidas precisam ser adotadas para que haja redução nos custos do consumo. O uso consciente da energia, tanto em ambientes residenciais quanto corporativos, ajudam para que ao final do mês a conta não comprometa demais a renda das famílias.
Para o gerente de Engenharia, José Carlos Lopes, o momento exige atenção redobrada aos hábitos diários e ao uso de equipamentos. “É comum que o consumidor pense apenas no que está ligado no momento, mas há um consumo invisível que passa despercebido. Aparelhos em standby, como TVs, microondas, impressoras e até carregadores de celular continuam consumindo energia mesmo desligados. Esse desperdício pode representar até 11% da conta no fim do mês”, destaca o engenheiro.
No ambiente corporativo, os desafios são ainda maiores. A quantidade de equipamentos e a rotina intensa de funcionamento exigem estratégias mais planejadas. “Ambientes empresariais que adotam controles de consumo, manutenção preventiva e ações internas de conscientização podem reduzir a conta de energia em até 35%”, afirma José Carlos.
Para reduzir o consumo, José Carlos elenca orientações práticas que podem ser implementadas com facilidade:
-Desligar equipamentos da tomada ou usar filtros de linha com chave geral, evitando o consumo em modo de espera;
-Substituir lâmpadas incandescentes ou fluorescentes por modelos LED, que consomem até 80% menos energia;
-Evitar o abre e fecha constante da geladeira, que força o compressor e aumenta o gasto;
-Concentrar o uso de ferro de passar roupas em uma única sessão, para reduzir picos de consumo;
-Utilizar temporizadores ou sensores de presença em áreas comuns e escritórios;
De acordo com o engenheiro, a soma dessas pequenas ações pode gerar até 25% de economia na conta de energia de uma residência. Em escritórios, esse número pode ser ainda maior, especialmente quando há envolvimento coletivo e suporte técnico para planejamento energético.
“Mais do que uma economia imediata, o consumo consciente de energia promove sustentabilidade, segurança e eficiência. É papel de todos adotar práticas mais inteligentes, sobretudo em momentos de escassez e tarifas elevadas como o que vivemos agora”, conclui.
Sistema de bandeiras
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela ANEEL em 2015 para indicar, aos consumidores, os custos da geração de energia no Brasil. Ele reflete o custo variável da produção de energia, considerando fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis, bem como o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas.
Por Gustavo Nascimento
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