Auxílio continua deixando consumidor sem poder aquisitivo

Mercado
Foto: Valentin Manieri

Conforme pesquisa, com R$ 287 dá para comprar somente uma unidade de cada produto

Por Taynara Menezes e Marina Romualdo – Jornal O Estado

O aumento para R$ 600 do Auxílio Brasil, que começa a ser pago hoje (9), dá para comprar apenas o mínimo da cesta básica para sobreviver. Conforme pesquisa de preços do jornal O Estado, apenas em uma ida ao supermercado, comprando 28 itens, é gasto o valor de R$ 287,03. Ou seja, o consumidor só consegue fazer duas vezes a mesma compra, com os mesmos produtos, sem ter muito o que escolher.

Entre os dez principais itens estão: o arroz de 5 quilos, com custo médio de R$ 17,58; feijão carioca de 1 kg, a R$ 7,36; o óleo de soja, 900 ml, com o valor médio de R$ 7,89; sal (R$ 3,62); macarrão, de 500 g (R$ 4,07); a dúzia de ovos (R$ 8,07); o litro do leite integral (R$ 7,17); o quilo do tomate com média de R$ 3,62; e o quilo do coxão mole (R$ 38,76). No setor de limpeza e higiene, o papel higiênico custa em média R$ 24,36.

A economista do Dieese-MS (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Andreia Ferreira, explica que o aumento de preços nos produtos indica a perda do poder de compra dos consumidores.

“Como o salário aumenta uma vez ao ano, o preço de tudo acaba aumentando até de um dia para o outro. Sendo assim, o adicional no programa do Auxílio Brasil se mostra insuficiente até mesmo para comprar uma cesta básica que seja em Campo Grande. Não tem, nem em sonho, como passar 30 dias com 1 litro de leite, 1 quilo de açúcar, carne, pão”, esclarece.

Segundo levantamento feito por parte do Departamento, a cesta básica de julho teve aumento de 0,62%, passando a custar R$ 707. No acumulado de 12 meses, o aumento chega a 20,07% e no ano, 10,23%. Ainda conforme a economista, as famílias estão tendo de se virar para sobreviver por conta do cenário da alta da inflação e com desempregos persistentes.

“A minha dica é que a população consiga controlar o orçamento, use um caderno ou uma planilha para tentar analisar o cenário por que o Brasil está passando. Porque, considerando o aumento da inflação, não é possível imaginar que o crescimento exagerado vá ceder a tal ponto que proporcione um real alívio na vida das pessoas”, finaliza a especialista.

Aumento

O novo reajuste do Auxílio Brasil, com parcelas a partir de R$ 600, até dezembro, vai beneficiar 176.442 famílias de Mato Grosso do Sul. Com isso, o benefício deve injetar, em média, R$ 105,8 milhões na economia estadual, segundo dados do Ministério da Cidadania.

A alteração do benefício foi estabelecida pela PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 1/22 e aprovada pelo Congresso Nacional no dia 13 de julho de 2022.

O programa é destinado às famílias em situação de extrema pobreza, que possuem renda familiar mensal per capita de até R$ 105. Em situação de pobreza também podem se beneficiar aqueles que têm entre seus membros gestantes ou pessoas com menos de 21 anos, além de ter renda mensal per capita entre R$ 105,01 e R$ 210.

Inflação

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho, em Campo Grande, ficou em 0,64%, 0,37 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de 0,27%, registrada no mês anterior. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 12,06%.

Sobrevivência

Pesquisa do Dieese revelou que o salário-mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas teria de ser a partir de R$ 6.388. Neste valor, é possível conseguir fazer compras, pagar contas, moradia e gastos com medicamentos. O valor é 427% maior que o salário-mínimo vigente, de R$ 1.212.

A relação ainda mostra os valores, respectivamente, que seriam necessários no decorrer dos meses que registraram altos e baixos diante do salário vigente. Em janeiro, por exemplo, o salário ideal era de R$ 5.997.

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