Ainda que pequeno, acréscimo afetará quem trabalha com transporte
Em razão do aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), os preços da gasolina e do etanol sofrerão elevações a partir do próximo sábado (1º). A decisão de reajustar os valores foi tomada no final de 2024 pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), instância responsável por coordenar a política tributária entre os estados e o Distrito Federal, composta pelos secretários da Fazenda de todas as Unidades Federativas.
Com essa mudança nos preços, o imposto sobre a gasolina será reajustado em R$ 0,10 por litro, enquanto o tributo sobre o diesel terá um aumento de R$ 0,06 por litro. Não há previsão de alterações na tributação do etanol, que permanecerá com a mesma carga tributária. Essa medida visa ajustar a arrecadação estadual e reflete a política fiscal adotada pelo governo estadual, gerando elevações nos preços praticados nos postos de combustíveis em todo o país.
Com trabalho voltado ao setor da agropecuária, Antônio Marcos afirma que gasta uma média de R$ 500 semanais, devido à necessidade de se deslocar constantemente entre a Capital e o interior. Em seu ponto de vista, a população que mais será prejudicada com esse reajuste é justamente os motoristas de aplicativos e quem trabalha diretamente com transporte.
“Os motoristas de aplicativos e outras pessoas que dependem de transporte para se locomover pela cidade serão diretamente afetados. O aumento nos custos de transporte terá um impacto significativo na mobilidade urbana”, acredita.
Com gastos avaliados em R$ 350 semanais enchendo o tanque do veículo, a autônoma Josiane Guimarães explica que deixar de gastar com gasolina não é uma opção, porém saber que tem mais um aumento acaba afetando em outros gastos ou possíveis investimentos. “A gente não tem como deixar de abastecer. Precisamos nos mover e continuar com as atividades diárias. Mas, com o aumento, acaba afetando, porque qualquer elevação nos custos acaba diminuindo o que você poderia economizar ou investir em outras coisas”.
O motorista de aplicativo, Luís Carlos Miguel ressalta que trabalhando com transporte de passageiros o gasto com o combustível acaba se tornando uma das principais despesas de seu dia a dia. “Esse aumento afeta bastante, já que trabalho com aplicativo e rodo muito. É um custo adicional significativo, mesmo sendo um aumento pequeno. Já cheguei a ter que realizar corte de gastos para garantir que o combustível fosse pago”.
Outro motorista que está inconformado com o aumento nos preços foi Alexandre Ribeiro. Ele explica que, atualmente, opta por abastecer com etanol, uma alternativa mais econômica já que o gasto com combustível é essencial para o seu trabalho. “Para mim, o etanol tem se mostrado mais em conta, isso faz uma grande diferença, porque dependemos diretamente do combustível para poder trabalhar. Eu já deixei de gastar com gasolina exclusivamente e passei a usar o etanol”. Tanto Luís Carlos quanto Alexandre Ribeiro gastam uma média de R$ 600 reais por semana abastecendo seus veículos.
Perspectiva do economista
Mesmo se tratando de um aumento de apenas alguns centavos, o mestre em economia, Eugênio Pavão analisa que o reajuste deverá ser repassado ao preço final pago pelos consumidores. “Esse aumento, por menor que seja, tem um impacto significativo na macroeconomia. Com o transporte rodoviário sendo um dos principais pilares no Brasil, ele acaba sendo repassado para o custo de diversos produtos, como alimentos, vestuário, entre outros. Esse reajuste certamente terá reflexos no final do ano, contribuindo para uma inflação que já está projetada para ser mais alta do que no ano passado”.
O economista explica que o aumento nos preços dos combustíveis terá um impacto direto nos serviços de transporte, elevando os custos operacionais dos prestadores de serviços, o que pode levar a uma redução na lucratividade, caso não consigam repassar esses aumentos para os preços das corridas.
“Motoristas de táxis, motoristas de aplicativos e outros prestadores de serviços de transporte terão que arcar com custos mais altos para manter suas operações. No entanto, como os aumentos são relativamente pequenos, é provável que muitos não repassem esses custos extras aos clientes, o que pode comprometer ainda mais a rentabilidade desses profissionais”, concluiu.
Por João Buchara
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