Atacarejo se torna alternativa, diz GPA após vender Extra

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O GPA, dono das marcas Pão de Açúcar, Extra e outras, deixou o setor de hipermercados depois de vender 71 lojas da marca Extra Hiper para o Assaí por R$ 5,2 bi. Nem todas as lojas Extra Hiper foram vendidas, sobraram 32, que devem ser convertidas em lojas de outros formados pelo GPA.

Segundo Jorge Faiçal, CEO do GPA, a decisão foi tomada porque o formato de hipermercado já enfrentava dificuldades há algum tempo. “Hipermercado é um formato desafiador com inflação e perde clientes há uma década”, disse ele, em entrevista à reportagem.

De acordo com ele, com o aumento de custo dos alimentos e outros produtos, os clientes deixam de ir a hipermercados e optam pelo formato atacarejo, que mistura o atacado e varejo e tem opções mais em conta. Com a inflação a dois dígitos nos últimos 12 meses, essa migração foi ainda mais intensa, diz ele.

“O maior desafio que os supermercadistas estão passando este ano é a inflação de alimentos”, afirma. Os preços dos produtos subiram de 10% a 12% no grupo, e categorias como iogurtes especiais, sucos prontos para beber e outros perderam espaço. “Com a inflação e o alto nível de desemprego, é um momento extremamente desafiador.”

Para Faiçal, o formato de hipermercado, com grandes lojas, já não fazia sentido para o grupo. Por ser uma loja cara para se manter, precisava de vendas muito altas por metro quadrado para se sustentar.

Ao deixar o formato de grandes lojas, o grupo também para de vender itens como eletrônicos e roupas. Deve manter a venda de produtos para casa, mesa e banho e chinelos.

O Assaí faz parte do mesmo grupo controlador, o francês Casino, e, até março deste ano, era uma das marcas do GPA. As empresas anunciaram a cisão em setembro do ano passado e em março o Assaí estreou na Bolsa sob o código ASAI3.

Mais baratos

De acordo com Belmiro Gomes, presidente do Assaí, os produtos em um atacarejo são cerca de 15% mais baratos do que em um hipermercado. Segundo ele, com a queda de renda e pressão maior por preço, o formato atacarejo é mais requisitado.

A população escolhe lojas e marcas mais baratas. “Uma diferença de 15% em uma conta de R$ 600 significa R$ 90. A família pode colocar outros itens no carrinho que não colocaria antes”, afirmou em coletiva de imprensa.

Apesar de anunciar investimentos focados nas lojas Pão de Açúcar, voltadas para as classes A e B, o presidente do grupo diz que continuará atendendo “todas as classes sociais”. A equipe comercial deve buscar itens mais variados e gourmet, mas não pode esquecer dos produtos mais básicos, declarou Faiçal. (UOL/FOLHAPRESS)

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