O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou neste sábado (23) que o aumento de tarifas de 50% imposto pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem impacto limitado sobre a economia brasileira. Segundo ele, apenas 3,3% das exportações do país foram efetivamente afetadas pelo chamado “tarifaço”.
Em evento do PT, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), detalhou que 42% das exportações ficaram fora do aumento tarifário e mantiveram a taxa anterior de 10%. Outros 16% foram incluídos na Seção 232, que aplica tarifas de 50% a produtos como aço, alumínio e cobre, garantindo que o Brasil esteja na mesma condição que outros países. Carros e automóveis sofreram aumento de 25%.
“Dentro [da lista de tarifas], temos alimentos, carne, café, pescado. Produto manufaturado é mais difícil de realocar, mas acaba realocando, demora um pouco mais”, disse o vice-presidente, ressaltando que o peso do tarifaço sobre o total das exportações é relativamente pequeno, especialmente em comparação com décadas anteriores: “Na década de 1980, 24% das nossas exportações iam para os EUA. Hoje, é 12%.”
Alckmin também criticou a investigação norte-americana conhecida como Seção 301, que acusa práticas comerciais brasileiras supostamente desleais, mencionando Pix, a Rua 25 de Março, falta de combate à corrupção e desmatamento ilegal. Para o ministro, a ação tem “fragilidade jurídica”.
O Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as decisões tarifárias dos EUA. “Você não pode usar sua política regulatória, de importação e exportação, por razões partidárias. A queixa deve ser decidida agora em setembro e pode chegar até a Suprema Corte”, afirmou.
O vice-presidente destacou ainda que o governo brasileiro segue negociando com os Estados Unidos para reduzir alíquotas e retirar mais produtos da lista de tarifas, citando como exemplo o alívio de US$ 2,6 bilhões proporcionado na última semana por mudanças em algumas regras tarifárias. “Na 232, estamos igual ao mundo inteiro. Supertarifado, mas não perdemos competitividade”, explicou, detalhando que o ajuste beneficiou principalmente a indústria de máquinas, representando 6,4% das exportações do país.
Alckmin foi elogiado pelo presidente Lula como “exímio negociador” no contexto da guerra comercial, papel que ele reafirmou ao demonstrar confiança na manutenção da competitividade brasileira frente às tarifas americanas.
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