Brasil–Chile: Corredor bioceânico deve ampliar em bilhões o comércio de MS com mercados internacionais

Rodada de negócios entre Brasil e Chile foi realizada na sede da Federação das Indústrias de MS
 - Foto: Nilson Figueiredo
Rodada de negócios entre Brasil e Chile foi realizada na sede da Federação das Indústrias de MS - Foto: Nilson Figueiredo

Rota prevista para operar a partir de 2026 reúne R$ 25 bilhões em investimentos chilenos

Sonhado há meio século, o corredor bioceânico começa a ganhar contornos definitivos. A confirmação veio ontem (3), durante a Rodada de Negócios Brasil–Chile, realizada na sede da Fiems, em Campo Grande, que reuniu governadores, ministros e empresários dos dois países em torno da agenda de transformar a rota que ligará o Atlântico ao Pacífico em vetor de crescimento econômico e integração regional.

Para o governador Eduardo Riedel, os números já indicam o potencial da parceria. Em 2023, o Estado exportou US$ 210 milhões ao Chile e importou US$ 197 milhões. Com a rota em funcionamento, os valores devem se multiplicar, impulsionados pelo acesso direto aos portos chilenos.

“O Chile é um parceiro fundamental, mas a rota não se limita a ele. Estamos falando de conectar Mato Grosso do Sul à China, ao Japão, ao Vietnã, a Singapura. O que está em jogo é a chance de inserir nossa produção de carne, celulose e grãos em cadeias globais de valor de forma mais competitiva”.

Os investimentos já se mostram em território sul-mato-grossense. A chilena Sonda, gigante do setor de tecnologia, instalou rede de fibra óptica nos 79 municípios e mais de 1,2 mil pontos de acesso gratuito, preparando a infraestrutura digital para processos aduaneiros cada vez mais informatizados. Já a Arauco projeta um aporte de R$ 25 bilhões em uma planta sucroenergética no Estado. “Estamos vivendo uma transformação logística e tecnológica que fortalece nossa posição como hub da rota. Até 2027, ela estará em plena operação”, garantiu Riedel.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, classificou a iniciativa como um divisor de águas. “A América do Sul negocia com o Brasil quase na mesma proporção que os Estados Unidos, mas entre si comercializa pouco. O corredor pode dobrar a balança regional em cinco anos. Faltava logística; não falta mais. A ponte de Porto Murtinho estará concluída no primeiro semestre de 2026, e já no segundo semestre caminhões poderão trafegar pelo trecho, mesmo antes da finalização da alça rodoviária”, disse. O Governo Federal prevê mais de R$ 600 milhões em investimentos no projeto, somados a outras obras do PAC no Estado.

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, alertou que a burocracia aduaneira pode ser um entrave. “A rota é uma realidade, mas precisa de fluidez. Se a Receita Federal continuar a impor obstáculos, perderemos competitividade. O setor produtivo exige desburocratização para que o corredor cumpra sua função”, pontuou.

Do lado chileno, o ministro de Fomento e Turismo do Chile, Álvaro García, assegurou que o país já adaptou sua infraestrutura portuária para atender à nova demanda. “Ampliamos portos e rotas de fronteira porque sabemos que este é um projeto prioritário. Investir em logística é investir em empregos de qualidade e em desenvolvimento para o nosso povo”, declarou.

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, avaliou que a Capital se insere diretamente nos desdobramentos da integração. “Receber este encontro é testemunhar o início de um novo ciclo de oportunidades. Campo Grande se fortalece como elo logístico e empresarial da rota”, afirmou.

Petrobras prevê iniciar obras da fábrica de fertilizantes UFN3 em 2026

Durante o evento na Fiems, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), disse que a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, confirmou, durante o Fórum Internacional de Biogás, realizado na terça-feira (2), em São Paulo, que a retomada a fábrica, em Três Lagoas, está nos planos da estatal como prioridade. O projeto será divido em sete blocos de construção para acelerar os trâmites. As empresas interessadas precisam apresentar suas cotações até 30 de novembro, data considerada fundamental para o avanço do processo.

“Foi muito positivo ouvir dela que a UFN3 é prioridade. Até novembro, as propostas serão entregues e, a partir daí, a Petrobras vai devolver as análises. A ideia é iniciar a obra no primeiro semestre do ano que vem”, afirmou Verruck.

Por Djeneffer Cordoba

 

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