O custo de vida superior à renda é apontado como maior empecilho
Mais da metade (54%) dos trabalhadores brasileiros com carteira assinada (CLT) ou que atuam como Pessoa Jurídica (PJ) não conseguem chegar até o final do mês com o salário na conta. Os dados foram revelados através da Pesquisa Saúde Financeira e Bem – Estar do Trabalhador Brasileiro, realizada pela SalaryFits.
Os números da pesquisa refletem a realidade no orçamento do motorista, Leonardo Oliveira, de 34 anos. “Quando a gente recebe o salário, vai pagando conta primeiro e chega uma hora que foi mais da metade do salário. E o restante a gente gasta em supermercados, na compra de algum remédio, e alguns imprevistos que sempre aparecem”, relata o trabalhador.
Diante deste cenário, a CEO da SalaryFits – empresa da Serasa Experian, Délber Lage, atribui alguns fatores enfrentados pela população. “Para a outra metade da população, a realidade ainda é desafiadora. O custo de vida continua superior à renda para muitos, reforçando a necessidade de ampliar o acesso ao crédito de forma mais adequada à realidade do trabalhador, além de incentivar práticas de planejamento e educação financeira”, aponta Lage.
Apesar do alto percentual, houve melhora em relação a 2024. No ano passado, esse cenário afeta 62% dos profissionais. Ou seja, o número de trabalhadores que conseguem manter o salário durante todo o mês subiu de 38% para 46%. “Parte dos trabalhadores, até mais do que no ano passado, está estável e consegue finalizar o mês com o salário na conta, indicando uma possível reorganização financeira”, esclarece o profissional.
Controle ou descontrole financeiro?
O aprofundamento da pesquisa exibiu outros aspectos econômicos relevantes sobre o bem-estar das pessoas que responderam a pesquisa. Os dados mostram que apenas 2 em cada 10 entrevistados têm total controle sobre suas vidas financeiras. Dentre aqueles que alegaram ter menos controle há maior presença da Geração Z, da Classe C, dos trabalhadores PJ e daqueles que atuam em empresas menores.
Os desafios financeiros impactam, por exemplo, a formação de uma reserva de emergência. Nesse sentido, ainda mais pessoas podem se aproximar do endividamento, pois segundo o levantamento, em uma situação inesperada, somente 1 em cada 4 pessoas conseguiriam custear uma despesa de R$ 10 mil, por exemplo.
“Sem estabilidade o trabalhador sente sua vida pessoal sendo diretamente afetada”, explica o executivo. O endividamento é um fator que afeta 66% dos entrevistados com aumento do estresse, 43% com irritabilidade e 39% com insônia. A fim de evitar efeitos colaterais como esses e se reorganizar, as pessoas buscam diversas maneiras de quitar as dívidas”, comenta.
E para onde vai o salário?
O estudo também destacou que o principal destino do orçamento da população são os itens essenciais. Alimentação ocupa cerca de 77% do salário, e contas básicas de utilities, como luz, água e gás, lideram a lista de gastos mensais, indicando que boa parte da renda é absorvida por despesas fixas.
Na sequência, estão compromissos financeiros de médio e longo prazo, como financiamentos que absorvem cerca de 52% da renda e empréstimos 36%. Outras despesas de consumo como por exemplo roupas e utilidades comprometem 33% da renda mensal.
Por Suzi Jarde
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