Torneio de vôlei no Instituto Penal vira ato de resistência de internas LGBTQIA+ em Campo Grande

Foto: Matheus Carvalho/SEC
Foto: Matheus Carvalho/SEC

Atividade marcou o Mês do Orgulho e quebrou, por algumas horas, a rotina dura do cárcere

No último dia 11 de junho, o pátio do Instituto Penal de Campo Grande virou palco de algo raro dentro do sistema prisional: uma quadra improvisada, redes armadas e uma bola cruzando de um lado a outro. A cena fazia parte da terceira edição do Torneio de Vôlei da Diversidade, organizado como parte das ações do Mês do Orgulho LGBTQIA+.

Cinco equipes, formadas por travestis, mulheres trans, gays e companheiros, participaram da disputa. A atividade, muito além do placar, significou uma pausa na rotina rígida do cárcere e um espaço de reafirmação de existência.

“Um momento de distração, de viver, de sair da cadeia por um instante. Essa vitória é de resistência, e a gente está aqui mostrando que é forte. As travestis, as gays, as trans estão sendo representadas aqui dentro, como a gente é lá fora”, disse uma das internas que liderou o time campeão.

A fala reflete uma realidade onde até o acesso ao pátio é limitado. Uma das participantes, de 35 anos, resumiu o sentimento: “Aqui dentro, o sol também é limitado, é um quadrado de cimento onde a gente aproveita pra lavar roupa, fazer a faxina, tirar o colchão. Esse torneio foi mais do que brincar, foi existir e registrar com fotos que a gente ainda é gente”.

Quem vive a rotina do sistema prisional sabe o peso desse tipo de ação. “Antes, elas eram excluídas até aqui dentro. Esse evento quebra barreiras, elas voltam a ser vistas como indivíduos. Quando me chamam de mãe, eu entendo: é o acolhimento, o afeto, é saber que elas não são o crime que cometeram. São gente e gente com possibilidade de mudança”, explicou a policial penal e psicóloga Patrícia Gabriela Magalhães.

O torneio é uma iniciativa da Subsecretaria de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+ em parceria com a Agepen. A coordenadora do CEC LGBTQIA+, Gaby Antonietta, afirma que a proposta não é apenas esportiva, mas simbólica. “A gente não quer mais ver nossos corpos apenas nos dados de violência. Nós também somos amor, sonho e responsabilidade”, pontua.

O evento foi realizado como parte das ações que lembram o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado no dia 28 de junho, data que marca a revolta de Stonewall, em 1969, nos Estados Unidos, quando a população LGBT reagiu contra anos de repressão e violência policial.

*Com informações da  Agência de Notícias MS

 

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