Simone elogia relatório da CPI; Soraya quer MS em texto paralelo

Roque Sá/Agência do Senado
Roque Sá/Agência do Senado

Trabalhos da CPI da COVID dividem senadores sul-mato-grossenses

O relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia no Senado, apresentado ontem pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), divide opiniões dos representantes de Mato Grosso do Sul na Casa. Os três foram procurados pela reportagem, mas Nelsinho Trad (PSD-MS) não se pronunciou. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que teve papel de destaque em sabatinas da comissão, afirma que o documento é assertivo, imparcial e retrata problemas que causaram milhares de mortes originados do negacionismo. Já a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) anunciou que vai entregar ao relator documento com denúncias envolvendo Mato Grosso do Sul.

Simone Tebet disse que houve omissão na condução da pandemia pelo governo e a negativa sobre a gravidade do vírus foi o ponto-chave do problema. Ela elogiou o relatório apresentado por Calheiros e afirma que o contexto geral é satisfatório.

“O relatório final da CPI é firme, duro, e imparcial que retrata a realidade de tudo aquilo que vivemos e vimos. Um relatório que chega a conclusão de que houve negacionismo, por meio dessa maneira deturpada de ver a pandemia. E menosprezar a gravidade da pandemia levou o governo a se omitir de forma dolosa no tratamento, nas medidas não farmacológicas como a do distanciamento social, uso de máscara e tudo mais; e também nas medidas farmacológicas, como compra de vacinas, que vieram atrasadas e levando à morte milhares de pessoas.”

Por conta de denúncias de corrupção, o documento chegou a ser visto como uma certa tensão entre os membros da CPI por conta da previsão de indiciamento de dezenas de pessoas e empresas. Em relação a isso, a emedebista afirma que existem inúmeras provas.

“No meio desse processo descobrimos que no negacionismo havia um esquema de corrupção de núcleo político, dentro do Ministério da Saúde num esquema de ‘propinoduto’ e ‘vacinoduto’. Existia a tentativa de trazer vacinas e inclusive algumas que nós nem conhecemos a eficácia, com valores superfaturados, com notas fiscais falsas para depositar recursos em paraíso fiscal, em um indício claro de que, provavelmente, esse dinheiro ia ser pago antecipadamente e nós não receberíamos essas vacinas.”

A parlamentar não comentou sobre o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter sido acusado de nove crimes, mas disse que o próximo passo fica a cargo do Ministério Público. Ela acredita que haverá punições pelos órgãos competentes acerca da responsabilidade pelos crimes na pandemia. “Tudo isso [documentos e provas] fez com o que o relator tivesse que indiciar mais de 60 pessoas, autoridades ou pessoas da iniciativa privada com vários tipos penais. Agora, cabe ao Ministério Público fazer a investigação e denunciar quem realmente estiver lastro de culpa, e não apresentar denúncias àqueles que por ventura o MP ache que não tenham procedência na tipificação apresentada pelo relator.”

Soraya vê irregularidades em MS

Questionada pelo jornal O Estado, a senadora Soraya Thronicke disse, por meio de vídeo encaminhado pela assessoria de comunicação, que não pretende apresentar nenhum substitutivo ao relatório final da CPI. Afirmou que vai entregar um relatório complementar com supostas irregularidades no enfrentamento da pandemia em Mato Grosso do Sul. Thronicke frisa que analisou um grande volume de documentos sobre o destino dos R$ 481,7 milhões repassados ao Estado para o combate à pandemia. 

“Essa CPI recebeu documentação farta em relação aos ofícios que foram encaminhados a todas as unidades da Federação. O meu relatório possui 20 resmas de papel e diz respeito a apenas o que foi recebido por Mato Grosso do Sul. Recebi 29 processos de 11 órgãos diferentes que totalizaram 88.804 páginas de documentos analisados de forma digital.” 

Ela destacou que houve flexibilidade por parte da CPI e o trabalho de fiscalização não termina com a finalização da comissão. “Os documentos recebidos pela CPI continuam a disposição dos parlamentares. Portanto, temos a oportunidade de elaborar requerimentos, pedidos de indiciamento e pedidos de apuração pelos órgãos competentes. Continuarei acompanhando a prestação de conta desses recursos encaminhados aos estados e municípios.”

O relatório final da CPI ainda terá de ser votado na semana que vem pelos integrantes da comissão. Depois, o texto aprovado será enviado para várias instâncias como Procuradoria-Geral da República, Ministério Público nos estados e Tribunal de Contas da União para a adoção das providências cabíveis.

A reportagem procurou o senador Nelsinho Trad (PSD) com questionamento sobre o balanço e a opinião referente à CPI, mas as indagações não foram respondidas até o fechamento do texto. (Andrea Cruz)

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