O que se repetiu na tarde de hoje (23), em entrevista a CNN Brasil, é o mesmo que saiu na imprensa nacional logo de manhã: “estamos caminhando para o fim da pandemia”. A fala anterior é do infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que trouxe uma “pincelada” de esperança nesta quarta-feira, em uma jornada “arrastada” de quase dois anos ao lado do coronavírus.
Referências no país sobre a doença, Croda acredita que o período pandêmico pode estar chegando ao seu fim. Mas isto não significa que o vírus irá se extinguir, e sim a pandemia em si, sendo “transformada” em uma endemia brevemente.
O termo se distingue de sua “prima” ao tratar da recorrência de uma doença em determinada região, de modo que o aumento de casos e mortes não é severamente significativo quanto em uma pandemia. Em outras palavras, a população “começa” a conviver com o vírus – no caso – de maneira mais natural.
“A tendência de agora é pela diminuição de casos, hospitalizações, óbitos, e cada vez maior a imunidade coletiva”, pontuou o especialista à emissora CNN Brasil, em entrevista ao vivo. “Só os indicadores – em termos de taxa, incidência, casos, hospitalizações e letalidade – conseguirão avaliar se, em cada cidade, por todo o país, aquele local ainda está a passar por um período pandêmico ou se já está a evoluir para essa nova terminologia”, explicou Júlio ao referenciar a palavra endemia.
A fim de que a população não se confunda, o infectologista exemplifica outras doenças que estão em situação endêmica, porém não deixaram de afetar a vida das pessoas. “Importante salientar que endemia ainda traz um número excessivo de casos e óbitos. Existem outras doenças endêmicas que são negligenciadas, como a tuberculose, dengue, chikungunya e a própria influenza”.
Para Croda, decretar o fim da pandemia não significa necessariamente que doença perdeu sua importância. “Não quer dizer que deixou de estar associada à óbitos ou eventualmente do aumento de casos em períodos sazonais. Por isso, o planejamento é essencial. Como que a gente vai fiscalizar a partir de agora? Quais as medidas de intervenção que serão propostas? Como fazermos a vigilância genômica da doença?”, levantou algumas questões.