Homenageando avó, neto esculpe “bugrinho” em plena rua do Centro

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Foto: Daniel Reino

Quem passou pela esquina da avenida Calógeras com a rua 15 de Novembro nesta sexta-feira (21) teve uma grata surpresa: puderam acompanhar o artista Mariano Antunes Cabral Silva, neto de Conceição dos Bugres, confeccionar ao vivo um “bugrinho” em toco, pedaço de madeira natural que se encontra por lá. E a alegria do momento não ficou só no público presente, mas também para o próprio artesão.

“Quando fiquei sabendo que a prefeitura havia autorizado a mexer no tronco,
nem consegui dormir direito, louco para chegar a hora de fazer meu bugrinho”.

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Com ajuda da mãe, Mariano esculpiu ao vivo um bugre ensinado pela avó, em pleno Centro de Campo Grande. Foto: Daniel Reino

A ideia surgiu a partir de um passeio em que Mariano Neto, coordenador do Arquivo Público Estadual, fez com sua mãe, a também artista Sotera Sanches da Silva. Pelo Centro, os dois observaram um pedaço caído de árvore – “tela” perfeita para uma obra de arte. “Na mesma hora pensamos na possibilidade de um bugrinho no toco. Muita gente ainda não conhece a escultura, e nosso objetivo é que as pessoas possam conhecer ainda mais”, disse mãe e filho.

Artesão desde os 8 anos, Mariano aprendeu a fazer os bugrinhos – espécie de estátuas escupidas tradicionalmente em sabão – com a própria matriarca. Hoje com 56 anos, ele é o único continuador da arte da avó, a humilde pantaneira, internacionalmente reconhecida, artista plástica. Já falecida, sua obra rodou o mundo e, mais recentemente, foi parar até em exposição iconográfica no Masp (Museu de Arte de São Paulo).

“É a primeira vez que estou esculpindo um bugrinho ao vivo com as pessoas olhando. Aqui, não vou poder encerar, por causa do sol, vou apenas pintar. Minha ‘vó’ dizia: ‘eu tenho idade, você vai me olhart a trabalhar… a hora que eu me for, você vai ter que continuar isso daí'”. Dito e feito.

Funcionária de uma banca de capinhas de celular, que inclusive fica bem ao lado de onde o toco foi esculpido, Amanda de Paula ficou feliz de conhecer o trabalho tão de perto. “Estou em Campo Grande já um bom tempo, mas não conhecia nem os bugrinhos nem o trabalho de Mariano Neto. O fato da obra ficar aqui já virou um ponto turístico”, brinca.

 

 

 

 

(Matéria corrigida às 11:27 do dia 24 de janeiro)

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