Políticas de incentivos a outros combustíveis muda comportamento do consumidor
Não é de hoje que o etanol tem ficado menos atrativo aos condutores de Mato Grosso do Sul. Isso porque, mesmo com o preço considerado baixo, o esforço centrado em um preço mais atrativo para outros combustíveis é o que tem chamado a atenção. Conforme dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo), o preço médio do etanol está R$ 3,69 em Mato Grosso do Sul. No entanto, por outro lado, a gasolina teve mudanças na PPI (Política de Preço de Paridade de Importação) e o GNV (gás natural veicular) ganhou incentivos que beneficiaram sete mil motoristas, no Estado.
O servidor público Gabriel Vargas, de 42 anos, é um exemplo de consumidor que preferiu deixar o etanol de lado. Em entrevista ao jornal O Estado, ele argumenta que já abasteceu com o etanol, mas que, na atualidade, foi retirado de sua rotina. “Eu parei de abastecer com o etanol há um tempo, porque eu achei que o desempenho do carro não ficou legal. Eu prefiro a gasolina, dá menos manutenção. Embora a gasolina sempre tenha um valor um pouco mais alto, no coeficiente que a gente faz, acaba ficando equivalente”, pontua o servidor.
O transportador de vacinas animais, Edmilson Eduardo Silva, de 56 anos, roda o Brasil fazendo entregas no carro, usando GNV. “Uso GNV pela autonomia do carro, eu ando muito mais, é mais econômico e gasto menos. Todo lugar que eu vou eu só abasteço com GNV. O etanol ou gasolina é em último caso, só se não tiver, mesmo. Tem algumas cidades que não tem. Eu abasteço aqui e voltando pra São Paulo só vou abastecer lá em Araçatuba, agora”, comenta. O diretor-executivo do Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes MS), Edson Lazarotto, avalia que historicamente os consumidores preferem a gasolina e que o etanol.
mesmo com preços mais atrativos, se mantém com 15% do volume médio de vendas da gasolina. O momento no cenário nacional com relação aos combustíveis, ainda é de incertezas.
“Ainda estamos na expectativa de como o novo governo irá precificar os combustíveis, pois até agora não temos um norte de como ocorrerá. Estamos vivendo uma gangorra nos preços, o que deixa tanto o consumidor como os revendedores sem noção sobre o que fazer. Creio que nessa semana o governo deve apresentar algo a respeito”, argumenta o diretor.
O PPI (Preço de Paridade de Importação), adotado pela Petrobras em 2016, foi substituído neste ano por uma nova política de preços. A Petrobras, agora, considera além do mercado internacional, o mercado nacional e as margens da companhia. Embora o PPI não tenha sido abolido, ele não é mais o único critério de precificação. Também entram na conta os preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias privadas e importadores, assim como os preços dos produtos substitutos, como o etanol hidratado, no caso da gasolina.
Antes, o valor do barril de petróleo era utilizado como referência para os reajustes de preços. Isso, durante sete anos, significou que as oscilações nos mercados, para cima ou para baixo, eram repassadas ao preço dos derivados de petróleo nas refinarias e, consequentemente, ao consumidor final. A empresa pontua que reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida. Porém, não serão mais repassadas para os preços internos as variações de cotações internacionais e da taxa de câmbio.
Incentivos ao GNV em MS Atualmente, o Brasil possui cinco Estados que incentivam o uso do GNV por meio do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
Dessa forma, é possível obter uma frota mais sustentável. Mato Grosso do Sul é um dos que aderiu às políticas públicas tributárias para estimular a conversão ao GNV. Lançada em junho de 2023, a política de incentivo implementa uma redução de 17% para 12% no ICMS para a expansão da rede de GNV.
A política permite ainda táticas como a isenção total do IPVA para veículos que utilizam o GNV, a isenção de taxas de vistoria e documentação cobradas pelo Detran-MS e das taxas de serviço no processo de conversão dos veículos. O Governo do Estado também concedeu isenção de taxas de vistoria e documentação cobradas pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de MS), assim como das taxas de serviço no processo de conversão dos veículos, como uma forma de incentivar esta mudança.
Atualmente, os motoristas que optam por GNV precisam pagar R$ 100,96 na inspeção veicular anual, R$ 93,85 na autorização para mudar as características do veículo, assim como R$ 201,45 na inspeção após a instalação (kit) e R$ 290.08 para emissão do novo CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo).
Ao todo, a economia por veículo será de R$ 686,34. Estas isenções devem beneficiar 7 mil motoristas no Estado, tendo uma desoneração estimada em R$ 4,8 milhões, ao Detran.
Por: Julisandy Ferreira – O ESTADO – IMPRESSO
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