Reunidos na Praça do Rádio na manhã desta quinta-feira (29), os profissionais da enfermagem de Campo Grande e de outros municípios de Mato Grosso do Sul se manifestam em favor do Piso Salarial da Enfermagem e da valorização da categoria.
Com cartazes, carros de som, e palavras de ordem como “não queremos aplausos, queremos direitos”, a categoria pretende ficar até o fim da tarde em concentração, para chamar a atenção da população. Em todo o país a categoria busca receber o piso salarial da enfermagem, através do seu vencimento base.
A mobilização pede pelo pagamento do piso de R$ 4,750 mil para enfermeiros, R$ 3,325 mil aos técnicos de enfermagem e R$ 2,375 mil aos auxiliares.
Para o vice-presidente do SINTSS-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul), Ricardo Bueno, a categoria não concorda com alguns votos do STF (Supremo Tribunal Federal), que pode acarretar mudanças na Lei n.º 5175.
“A categoria quer principalmente que respeite a lei e que se aplique o piso, então viemos para mostrar isso para a sociedade e pedir que eles nos apoie. Não dá para gente, durante a pandemia, ser chamado de herói, estar em todos os canais de televisão, todo mundo batendo nas nossas costas e hoje parecer que nós somos os vilões da economia, que a gente vai quebrar Mato Grosso do Sul”, disse.
Na última votação, realizada na quarta-feira (28), a presidente do STF, ministra Rosa Weber, votou pelo pagamento imediato do piso da enfermagem no julgamento sobre a decisão do ministro Roberto Barroso que reestabeleceu o pagamento.
Na decisão de Barroso, o ministro indaga que não há recursos suficientes para o cumprimento do piso, então propõe mudanças como piso aplicado de maneira integral para funcionários públicos federais e aplicação do piso até quando os recursos da União, de R$ 7,3 bilhões atendam os pagamentos no caso de funcionários públicos dos Estados.
Para uma enfermeira que estava na manifestação que não quis se identificar, o piso é reivindicado pela categoria há pelo menos 10 anos, juntamente com a valorização do trabalho da enfermagem. “Nosso serviço é muito corrido, tem que prestar muito atenção ao que está fazendo, tem dias que a gente se sente oprimido por ver tantas mortes. E muitas vezes a gente não consegue fazer o que a gente chegou ali para fazer. O desafio é todos os dias, a gente chegar para salvar vidas e não ser reconhecido, a nossa categoria é muito desvalorizada”.
A também enfermeira Marilu Mendes, reforça que um dos maiores desafios do trabalho na saúde é a rotina e o adoecimento mental.
“Todos os dias quando nós saímos dos nossos lares, deixamos as nossas famílias, saímos com amor. A gente exerce com amor, não estou ali somente porque preciso de um salário e todos os dias sei que tem pessoas lá dentro que precisam de mim, dependem de mim para uma medicação ou até levar um alimento, pois ela não consegue se alimentar sozinha. Fazemos com dedicação, com amor, às vezes não estamos bem emocional e fisicamente, é exaustivo, não é somente um esgotamento físico, mas mental. Você lida com todos os tipos de enfermidade. E mesmo assim não desistimos”.
Para ela, a pandemia mostrou a importância da categoria, porém muitos se esqueceram do trabalho exercido pela enfermagem atualmente. “Somos desvalorizados por todos, não há reconhecimento. Na pandemia, quantos nós perdemos? Não foram poucos, levamos a doença para a nossa família, nós também perdemos familiares. Tem um ano que a enfermagem foi a Brasília atrás desse piso salarial e cadê? Nunca é aprovado, não chega até nós”, finaliza.
Com informações do repórter João Gabriel Vilalba.
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