Energisa deixou de arrecadar R$ 66 milhões por perdas não técnicas
O volume de energia elétrica desviada ilegalmente em Mato Grosso do Sul seria suficiente para abastecer simultaneamente cerca de 95 mil residências. Isto quer dizer que as 11.005 casas do Bairro Aero Rancho, o mais populoso de Campo Grande, poderiam ser alimentadas por uma semana, só com esses furtos, conhecido popularmente como “gato”.
A Energisa, concessionária responsável pelo fornecimento de energia no Estado, reportou ter identificado 7,1 mil casos em “gatos” somente em 2023, totalizando o equivalente a 20,218 GWh (gigawatts-hora).
Os impactos dos furtos de energia em sistemas condominiais vão além das perdas financeiras diretas. Cada desvio de eletricidade não apenas inflaciona as tarifas para os consumidores, mas também acarreta custos adicionais para os cofres públicos, privando a comunidade de recursos essenciais.
Em 2023, o montante perdido pelos cofres públicos devido a esse tipo de fraude atingiu a expressiva marca de R$ 66 milhões, “valor que deixamos de arrecadador e que poderia ter sido investidos em segurança, saúde e educação para a população”, destaca o coordenador comercial da Energisa, Alex Almeida Leite.
Para combater o desvio de energia elétrica, a Energisa conta com um sistema de inteligência que identifica possíveis inconsistências e anomalias nos padrões de consumo de energia elétrica, e através desta inteligência são realizadas as inspeções das unidades consumidoras. Em 2023, foram realizadas mais de 38 mil inspeções, e para 2024 o planejamento é a realização de 65 mil inspeções.
Em 2023, mais de 38 mil inspeções foram conduzidas. Para o ano de 2024, a meta da empresa é intensificar ainda mais esses esforços, com a realização planejada de 65 mil inspeções.
No último ano, o Brasil enfrentou um aumento sem precedentes no furto de energia elétrica, superando até mesmo a produção da gigante hidrelétrica de Belo Monte, a segunda maior do país. Os chamados “gatos”, referentes às perdas não técnicas, atingiram uma média de 4.655 MW, ultrapassando os 4.418 MW gerados em média por Belo Monte. Essa quantidade de energia furtada corresponde a cerca de 60% do fornecimento total da Usina de Itaipu para o mercado brasileiro. Essas estatísticas foram divulgadas pela Abradee, com base em informações da Aneel, destacando a gravidade do problema e a necessidade de ações para combatê-lo.
De acordo com o relatório, o custo médio de aquisição de energia pelas distribuidoras em 2023 foi de R$ 249 por MWh (megawatt-hora). Considerando o volume de energia perdida, estimado em 40.776.141 MWh, o impacto financeiro resultante apenas dos custos de compra de energia atinge a cifra de R$ 10,1 bilhões.
Fazer “gato” é crime
Além do furto de energia, constatado em 2023, também foram regularizados 1.079 clientes clandestinos no Estado, ou seja, que estavam ligados na rede de energia de forma irregular. A concessionária reforça que esse número é ainda maior, tendo em vista que o principal desafio é identificar onde estão esses “gatos” para atuar e evitar riscos de acidentes e até mortes.
A Polícia Civil informou em nota que faz operações constantes em conjunto com a concessionária de energia do Estado. O furto de energia é crime previsto no artigo 155 do Código Penal. A pena pode variar de um a quatro anos de reclusão.
Por Ana Krasnievicz
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