O dólar registrava sua quinta sessão consecutiva de ganhos e operava acima dos R$ 5,27 na manhã desta terça-feira (16) ainda sob efeito de temores do mercado sobre a trajetória fiscal do Brasil, o adiamento das apostas de cortes de juros nos EUA e o aumento das tensões no Oriente Médio. Na máxima do dia, a moeda americana atingiu os R$ 5,287.
O cenário também é negativo para a Bolsa brasileira, que operava em queda, abaixo dos 125 mil pontos, pressionada principalmente por recuos de Petrobras e Vale.
Às 11h43 (horário de Brasília), o dólar subia 1,74%, cotado a R$ 5,272, enquanto o Ibovespa caía 0,54%, aos 124.648 pontos.
As duas maiores empresas do Ibovespa caíam desestimuladas pelas negociações de commodities no exterior. O preço futuro dos barris do petróleo Brent recuava, afetando negativamente os papéis da Petrobras, e o valor do minério de ferro caiu durante as negociações em Dalian, exercendo influência sobre as ações da Vale.
Nesta segunda, investidores aguardam um pronunciamento do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, previsto para o início da tarde, buscando sinalizações sobre o futuro da política de juros americana.
Quanto menos o Fed cortar os juros diante de uma economia resiliente, melhor para o dólar, que se torna mais atraente para investidores estrangeiros quando os rendimentos oferecidos pelo mercado norte-americano ficam mais altos.
A escalada das tensões no Oriente Médio colabora para o ambiente de aversão ao risco, com investidores recorrendo a títulos de maior percepção de segurança. O cenário pressiona a curva de juros americana, e os títulos com vencimento em dez anos apresentam alta: os chamados “treasuries” iam de 4,60% para 4,67% no fim da manhã.
Nos Estados Unidos, os principais índices começaram o dia com piora no humor e oscilam próximo da estabilidade.
Investidores também repercutem a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) da China, que veio acima do esperado.
No cenário doméstico, as discussões sobre o arcabouço fiscal permanecem no radar, após o governo ter diminuído a meta de resultado primário em 2025 para zero.
A meta anterior, de superávit de 0,5%, era vista com ceticismo pelo mercado. A mudança do objetivo, no entanto, diminuiu a confiança de investidores na nova regra fiscal, como aponta Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.
“Isso mostra que o desenho do projeto fiscal central do governo foi feito com metas que ele próprio já está sabendo que não vai bater. Tira um pouco da credibilidade, porque eles precisam mudar a meta para não sofrer as sanções que o próprio desenho do projeto do arcabouço fiscal estaria impondo”, afirma a economista.
“Do ponto de vista prático, [a mudança da meta fiscal] para o mercado é ruim. O mercado vê uma falta de confiança do governo na sua própria capacidade de gestão fiscal”, disse Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur Finance. Ele lembra, no entanto, que boa parte dos investidores não considerava as metas anteriores realistas.
Ainda nesta manhã, o boletim Focus, do Banco Central, mostrou que economistas aumentaram sua previsão para a Selic pela primeira desde o fim de 2023. Agora, a previsão para a taxa no fim do ano é de 9,13%, ante 9% em boletins anteriores.
Na segunda (15), o dólar registrou alta de 1,19% e encerrou o dia cotado a R$ 5,182, seu maior valor desde março de 2023.
Preocupações sobre o aquecimento da economia americana permanecem como principal catalisador, mas a divisa acelerou ganhos e chegou a bater os R$ 5,214 na máxima da sessão após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter confirmado a mudança da meta fiscal de 2025.
A aceleração, no entanto, também coincidiu com forte piora no humor externo, com os principais índices de Wall Street virando para o negativo.
Na Bolsa brasileira, o Ibovespa começou o dia oscilando, mas engatou queda no início da tarde.
No fim do dia o principal índice da Bolsa teve queda de 0,48% e terminou o dia aos 125.333 pontos, em seu menor patamar do ano.
Com informações da Folhapress, por MARCELO AZEVEDO E LUANA FRANZÃO
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