O cenário cultural de Campo Grande sofre uma perda significativa com o anúncio do fechamento do Mr. Hoppy, um bar que se consolidou como um espaço de cultura underground e música desde sua inauguração em 2020. O estabelecimento, reconhecido por oferecer um ambiente acolhedor para os clientes, tornou-se um marco na cidade com eventos voltados para a música, promovendo o pertencimento da comunidade e incentivando a busca pela autenticidade, indo além das normas do capitalismo.
A notícia do encerramento foi compartilhada na primeira semana de dezembro no perfil oficial do estabelecimento. “O Hoppy CG vai fechar as portas no final de dezembro. É isso mesmo, depois de quase três anos de muita música, cerveja, burger e diversão, chegou a hora de dizer adeus. O Hoppy foi um lugar incrível, que marcou a vida de muita gente. Um lugar onde o rock rolava solto, onde todo mundo era bem-vindo, onde fizemos amigos e histórias pra contar. Enfrentamos muitos desafios e dificuldades, mas sempre nos mantivemos firmes e fortes, graças ao apoio de vocês, clientes, parceiros e amigos.”
Para entender mais sobre essa jornada, a equipe do Jornal O Estado Online conversou com Sanderson Jorgensen, sócio administrador do Mr. Hoppy. Ele compartilhou sobre a escolha de trazer a franquia para Campo Grande: “Trouxemos a franquia para cá porque frequentávamos o Mister Hop em Curitiba, no Paraná, e nos sentíamos muito bem lá. Era um lugar onde podíamos ir de chinelo, levar os cachorros, comer hambúrguer e tomar chope artesanal gostoso. Vimos a oportunidade de trazer essa experiência para cá, percebendo que o mercado de chope artesanal era incipiente. Escolhemos Campo Grande pela qualidade de vida e espaço para esses produtos.”
Entretanto, enfrentaram desafios significativos, tanto culturais quanto econômicos, quando chegaram à cidade, especialmente devido ao cenário desolado provocado pela pandemia.
Ao longo dos anos, o Mr. Hoppy contribuiu ativamente para a cena cultural de rock em Campo Grande, abrindo portas para novas bandas e promovendo eventos dedicados a músicos iniciantes. Sanderson destaca que, apesar do encerramento, não há planos imediatos para preservar ou transferir elementos culturais do bar para outros espaços.
Muitas memórias marcantes foram construídas ao longo desses três anos intensos. Eventos como o Tattoo Hoppy Night, dedicado aos tatuadores da cidade, e os campeonatos de games têm um lugar especial no coração de Sanderson e da comunidade que frequentava o bar. Ao ser questionado sobre os desafios relacionados à cultura do sertanejo, Sanderson esclarece que sempre se posicionaram como uma alternativa, evitando competições diretas.
Com o fechamento do Mr. Hoppy, os amantes de rock na cidade precisarão buscar novas opções. Além do Hoppy, outros bares, como Apache Rock Bar e Barcelona Pub, oferecem alternativas para quem busca diversidade musical.
Igor Zenteno, acadêmico de Medicina Veterinária e Bartender, compartilha suas experiências como frequentador:
“O Mr. Hoppy era uma ótima alternativa de rolê em Campo Grande. Lá, eu curtia vários estilos culturais e musicais diferentes. O clima era muito agradável, com umas feirinhas agradáveis. Fui lá na Copa do Mundo, estava lotado, porém, muito legal. A equipe era muito envolvida para proporcionar ao máximo as experiências. Sentirei bastante falta.”
Ester Almeida Bodstein, ex-atendente do Mr. Hoppy, compartilha sua experiência única no estabelecimento, revelando um período de aproximadamente seis meses, talvez cinco. A atendente, que passou no vestibular para um curso noturno, enfrentou o desafio de conciliar os horários de entrada às quatro e saída à meia-noite de terça a quinta-feira, e até à uma da manhã nas noites de sexta e sábado, além dos domingos, até meia-noite.
Ela descreve o ambiente como muito tranquilo, destacando a qualidade da experiência de trabalho. Os proprietários, Ricardo e Sanderson, são descritos como pessoas incríveis, abertas, compreensivas e parceiras, proporcionando um ambiente de trabalho surpreendentemente tranquilo, mesmo dentro de um bar e no turno noturno.
Apesar dos desafios de lidar com o movimento intenso, especialmente durante o primeiro ano frenético em 2021, Ester destaca a calma e tranquilidade que encontrou no estabelecimento. Ela ressalta que o trabalho é árduo, com a necessidade de lidar com diversas responsabilidades, desde abrir e fechar o estabelecimento até interagir com clientes, incluindo aqueles em estados alterados pelo consumo de álcool.
Ester também menciona a dinâmica peculiar dos chopes artesanais, que nem sempre eram compreendidos pelos clientes acostumados com cervejas mais geladas, como os tradicionais litrões. No entanto, ela realça que a equipe tornava o ambiente mais leve, e a interação com a equipe da cozinha era uma parte especialmente envolvente e divertida da experiência.
No final, Ester expressa seu apreço pelo tempo que passou no Mr. Hoppy, destacando a complexidade do trabalho, mas também a diversão que permeava o ambiente.
Serviço
O Mr. Hoppy permanecerá aberto até o final do mês de dezembro, oferecendo aos clientes o melhor do chope artesanal de Campo Grande. O endereço é na rua Padre João Crippa, 947 – Centro, com atendimento de terça a domingo, a partir das 17h. Uma despedida marcada por agradecimentos, homenagens e memórias que permanecerão vivas nas redes sociais, playlists no Spotify e nas lembranças dos clientes.
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