Descumprimento de frigorífico coloca em risco embargo chinês

Foto: Divulgação/Imagem Ilustrativa
Foto: Divulgação/Imagem Ilustrativa

Por Taynara Menezes – Jornal O Estado MS

 

Uma série de irregularidades no cumprimento das normas sanitárias foi encontrada pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) no frigorífico Redentor, localizado em Gua- rantã do Norte (Mato Grosso). Com isso, o cenário coloca em risco o embargo chinês à carne bovina.

Isso porque, depois da inspeção feita, o estabelecimento foi autorizado a retornar com o abate no dia 19 de agosto, sendo autorizado pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) a exportar para a China. Mas o documento, ao qual o jornal O Estado teve acesso, mostra que a empresa não respeitou critérios e normas exigidos na manutenção do local, controle integrado de pragas, higiene pessoal e industrial, higiene e hábitos pessoais dos funcionários.

No Programa de APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) foi constatada contaminação por ingesta, além disso, o estabelecimento não estava cumprindo a frequência de coletas previstas, com interrupções não justificadas de ciclos de coletas de salmonela e enterobacteriaceae, entre outras irregularidades.

A empresa foi procurada para se posicionar sobre o assunto, mas não retornou até o fechamento desta edição. Já e o Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso não quis se posicionar sobre o assunto. Em contrapartida, mesmo que o documento mostre o retorno dos abates, o Ministério da Agricultura esclarece que “o estabelecimento corrigiu as não conformidades que levaram à suspensão da certificação imposta pelo SIF local.

No entanto, o estabelecimento segue suspenso para a China, por imposição da autoridade sanitária chinesa. Assim, após avaliação do plano de ação pela GACC (Administração Geral de Aduanas da China), a suspensão poderá ou não ser levantada”, diz a nota enviada ao jornal O Estado.

Questionado sobre o retorno dos abates, o Mapa res- pondeu que “o SIF entendeu que o frigorífico está apto a voltar a exportar para a China. No entanto, para efetivamente exportar para a China é preciso aprovação da autoridade sanitária chinesa”, completou.

O consultor empresarial e especialista em comércio exterior Aldo Barrigosse acredita que o cenário acaba sendo desfavorável ao setor. “Essa situação acaba acendendo um sinal de alerta para o mercado chinês, europeu, asiático e isso é ruim para o mercado de carne geral”, avalia.

Barrigosse defende que o sistema sanitário de Mato Grosso do Sul tem autonomia no mercado exterior, por isso ele descarta a possibilidade de um embargo. “Em relação ao mercado de MS, eu não acredito que possa sofrer com embargo chinês, até porque temos um sistema sanitário forte, com muita credibilidade e forte tanto no mercado interno como externo”, defende.

O superintendente federal do Ministério da Agricultura, Celso Martins, também analisa a situação de maneira técnica e não vê chances de impactar o mercado regional. “Não vejo como ter um embargo, porque a limitação de exportação é por indústria e não por questões operacionais, não há um movimento geral de alguma contaminação. Lá deve ter ocorrido um descumprimento de normas, e isso não se ex- trapola para outras regiões”, explica.

Histórico O “laudo” mostra que, em 2021, os abates aconteceram de forma esporádica, sendo oito no ano. O retorno efetivo aconteceu no dia 2 de março de 2022, mas aconteceu uma nova suspensão no dia 29 de julho deste ano, por razões comerciais.

Já no dia 19 de agosto retornou ao abate, mas em volume reduzido, em torno de 80 cabeças ao dia. Exportações MS De janeiro a julho de 2022, Mato Grosso do Sul exportou 4.849.322 milhões, desse total, 44,56% foram para a China, o que representa US$ 2.160.863. O país é o maior comprador de celulose, soja, carnes e minério do Estado.

Os principais produtos exportados são a soja em grão que aparece em primeiro lugar na pauta de exportações, com 37,52% do total exportado em termos do valor, e com aumento de 1,18% em relação ao mesmo período no ano passado. Em relação ao volume houve diminuição de 26%.

O segundo produto da pauta foi ocupado pela celulose, com 17,84% de participação, com aumento em termos de valor de 1,11% em relação a janeiro e julho de 2021. Em termos de volume, houve aumento de 6,19%.

Plantas de MS são fechadas para férias coletivas – O baixo consumo de carne e a pouca oferta de gado fizeram com que a JBS – uma das maiores indústrias de proteína animal do mundo – suspendesse as atividades em duas plantas frigoríficas de Mato Grosso do Sul. Após a unidade de Ponta Porã fechar em abril de 2022, a de Nova Andradina fechou em agosto para fé- rias coletivas. Outros cinco abatedouros espalhados pelo Brasil também foram atingidos: Pontes e Lacerda (MT), Co- líder (MT), Alta Floresta (MT), Redenção (PA) e Tucumã (PA).

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