Professores e professoras do curso de jornalismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul se reuniram, nesta quarta-feira (24), com alunos e alunas para explicar e manifestar seu repúdio contra uma censura da reitoria da instituição. Dentre os problemas enfrentados pelo curso estão a suspensão dos sites institucionais e a falta de técnicos para as matérias laboratoriais.
A reunião teve início às 16h no anfiteatro Marçal de Souza Tupã-Y. Durante o encontro, o corpo docente e discente expôs as suas indignações e ideias de como se manifestarem contra as medidas impostas pela Reitoria.
Suspensão dos sites
O curso de jornalismo da UFMS conta com quatro sites suspensos, sendo eles o institucional; o Primeira Notícia, portal jornalístico referente à disciplina de ciberjornalismo; o Projétil, jornal laboratório do curso e o site de Fotojornalismo.
Acadêmica do 6º semestre do curso de Jornalismo na UFMS, Gabriela Cenciarelli, alega a inconstitucionalidade da ação.
“É um absurdo e inconstitucional o que está acontecendo no nosso curso. Além de afetar toda a nossa formação, essa medida ainda mostra uma censura escrachada”.
O acesso a estas redes foi suspenso sem aviso prévio e está nessa situação desde julho. A justificativa apresentada é de que as informações presentes infringem as normas estabelecidas pela lei eleitoral. Entretanto, o ponto levantado pelo curso é que legislação se refere a conteúdos publicitários relacionados à políticos, o que não se enquadra nas publicações que os sites do curso disponibilizam. Todas as informações publicadas são institucionais e possuem caráter jornalísticos com fins informativos.
Maria Eduarda Schindler, estudante de jornalismo do 8º semestre, ressalta que o problema é grave e vai além de apenas um atraso na conclusão do curso.
“A censura é um ato inconstitucional. A suspensão dos sites vai muito além de atrapalhar a conclusão do curso. O que está acontecendo é uma falta de respeito com tudo que a comunicação representa e defende. A censura deixou de ser um fantasma do passado, estamos vivendo ela nos dias de hoje e de maneira escancarada”.
A disciplina de Jornal Laboratório também sofre com essa situação. Mesmo com parte dos materiais para o impresso, também há a produção de conteúdos específicos para o digital. Esta limitação faz com que haja uma defasagem na capacitação dos futuros e das futuras jornalistas.
Ausência dos técnicos
Outro problema manifestado pelo curso é a ausência de técnicos para auxiliarem as disciplinas de Laboratório de Radiojornalismo e Laboratório de Telejornalismo. No caso da matéria televisiva, desde o semestre passado só existe apenas um técnico a disposição para editar as produções. Neste segundo semestre, não há mais técnicos de edição e a disciplina conta com apenas um cinegrafista disponível para acompanhar as gravações das três turmas em vigência.
Em Radiojornalismo, um projeto que demorou oito anos para conseguir ser aprovado está impossibilitado de continuar por conta da ausência de técnicos. A Rádio Educativa da UFMS funciona divulgando conteúdos relacionados à pesquisa, ensino, extensão e inovação trabalhados no ambiente universitário. O curso de jornalismo participa da programação da rádio por meio da Rádio Corredor, projeto no qual alunos e alunas do curso conduzem um programa de radiofônico que é transmitido no corredor central da UFMS.
Além disso, a programação radiofônica do curso se estende para o programa Plural, uma produção que conta com outros professores do curso expondo trabalhos de diversas áreas e temáticas nesse recurso. Esse programa está suspenso também pela falta de técnicos para auxiliar nas transmissões. Desde o semestre anterior existem programas parados sem publicação por conta desse empecilho.
Mudança de bloco
O terceiro problema está relacionado à infraestrutura, pois a coordenação da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC) foi transferida para um bloco próximo ao Lago do Amor, bem distante de onde as outras salas e coordenações estão. O problema alegado na reunião é que o “bloco novo” não foi entregue nas melhores condições, estando sujo, empoeirado e com acesso precário à internet.
No momento o curso de jornalismo não irá se deslocar, pois o bloco não possui laboratórios prontos e a graduação depende destes espaços. Porém, o Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) já foi transferido para o novo local.
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