Médico alerta que crianças também podem ter ‘covid longa’

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Sara Nascimento de Souza, 37, já não sabia mais o que fazer para aliviar as dores na barriga das quais seu filho Davi, 7, tanto reclamava há dias. Era dezembro de 2020 e ela já havia levado Davi a unidades de saúde duas vezes. Na terceira passagem pelo médico, ele foi diagnosticado com uma inflamação no apêndice do intestino grosso, a famosa apendicite.

Ao realizar exames preparatórios para o procedimento, no entanto, descobriu-se que Davi não tinha apendicite. Estava, na verdade, com sintomas de uma síndrome inflamatória multissistêmica causada pela covid-19, doença que ninguém sabia que ele tinha contraído.

“Ele testou negativo para covid. Mas, em outros exames, vimos que ele já tinha anticorpos contra o vírus. Ou seja, pegou covid e nós nem temos ideia de como e quando”, disse Sara.

O que os médicos relataram à mãe é que Davi provavelmente foi infectado pelo vírus e não apresentou os sintomas mais comuns da doença: febre, tosse, falta de ar e cansaço. Isso não quer dizer que o coronavírus não causou danos ao seu organismo. Pelo contrário. Causou danos graves, mas eles só se manifestaram após os 14 dias da provável infecção.

Davi foi acometido pelo que alguns estudiosos chamam hoje de “covid longa”. Apesar de não ser comum em crianças e adolescentes, ela pode levar à morte e nem sempre é devidamente monitorada porque alguns pais subestimaram ou ainda subestimam os efeitos do coronavírus em pessoas com 18 anos ou menos.

Inflamação

Paulo Ricardo Martins Filho, professor do programa de pós-graduação em ciências da saúde e chefe do Laboratório de Patologia Investigativa da UFS (Universidade Federal de Sergipe), diz que já há estudos internacionais apontando que menos de 5% das crianças infectadas pelo coronavírus podem apresentar sintomas de covid por até 12 semanas.

Os sintomas mais comuns seguem o padrão verificado entre adultos: fadiga, dor de cabeça, perda de olfato, dor de garganta, perda de concentração e sono. Existem, contudo, casos mais graves, como a síndrome inflamatória multissistêmica.

A “hiperinflamação”, segundo Martins Filho, afeta principalmente coração, abdome e pele. Pode causar taquicardia, miocardite (inflamação do músculo do coração), vômitos ou diarreias. O professor explicou que cerca de 70% das crianças que são diagnosticadas com a síndrome multissistêmica precisam ser internadas em UTI; 2% morrem.

Recomendação: testar sempre

Considerando o caso de Mariana e outras crianças com problemas pós-covid, a recomendação dos médicos é enfática: testar. Toda e qualquer pessoa que tenha contato com alguém infectado deve verificar se também foi contaminado pelo coronavírus mesmo que não tenha apresentado sintomas.

Crianças,assim como adultos ou idosos, podem ter problemas de saúde causados pelo coronavírus mesmo que não apresentem os sintomas básicos da doença. Acesse também: Com a Delta, MS já tem 17 variantes da COVID-19

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(Com informações UOL Viver Bem)

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