Crianças e adolescentes somam estatísticas de intoxicação por uso de drogas

Foto: Daniel Reche
Foto: Daniel Reche

Nesta manhã (16), a Câmara de Vereadores de Campo Grande realizou uma Audiência Pública que alertou sobre o uso excessivo de álcool e drogas entre crianças e adolescentes na Capital.

Dados apresentados pelo vereador Dr. Sandro Benites (Patriota), revelam que de 2020 pra cá, 70% das intoxicações foram pelo uso abusivo de álcool e outras drogas, que causaram até mesmo overdose de crianças e adolescentes entre 12 e 15 anos.

“Tinha uma época que quem bebia era homem e adulto. Hoje, bebe mulher, crianças e idosos. E não basta beber. Tem que fotografar e postar, pra mostrar pra todo mundo que você bebe, e achar isso bonito”, disse o parlamentar Dr. Sandro , presidente da Comissão  Permanente de Saúde.

“A imensa maioria [dos dependentes químicos] começa com álcool e, infelizmente, banalizamos o uso de álcool na sociedade. O álcool tem destruído vidas e famílias, e levamos isso como se fosse uma brincadeira no dia a dia. Estamos saindo de uma pandemia de covid-19, mas enfrentamos um novo problema. Tenho visitado várias clínicas de recuperação. São dezenas de comunidades terapêuticas em Campo Grande, com milhares de homens e mulheres que estão ali para tentar se recuperar, tanto na cidade, como em chácaras. O que vejo? O índice de recuperação não passa de 5%. 95% dos dependentes morrerão sendo dependentes, com alteração de personalidade e identidade. Algo precisa ser feito”, concluiu Benites.

Para o vereador Prof. André Luís (Rede), é preciso envolver a sociedade na discussão que, segundo ele, não terá resultados com medidas simples. O parlamentar defende, inclusive, a intervenção para internar os dependentes.

“A gente está em uma epidemia de liberdade. Precisamos de legislação mais forte, de métodos. Precisamos colocar regras: liberdade também pressupõe seguir regras. Problemas complexos não têm soluções simples, pois exige envolvimento da sociedade, dos legisladores. Precisamos de medidas de intervenção, entender que um viciado não é dono da sua própria vontade. A interdição é fundamental. Uma pessoa viciada não está liberta e não tem livre consciência. A hipocrisia nos leva a uma sociedade desorganizada”, afirmou.

A diretora-adjunta da Subsecretaria Municipal de Direitos Humanos, Bárbara Cristina Mesquita, frisou que o poder público tem trabalhado de maneira intersetorial com as instituições para desenvolver parcerias.

“Acompanhamos e monitoramos políticas públicas para pessoas de rua. Trabalhamos a intersetorialidade. Trouxemos as comunidades terapêuticas, casas de apoio, universidades, para também construir o trabalho. Foi criado um programa de ação integrada e continuada, que começou com 100 vagas sociais para acolhimento e tratamento. De lá para cá, foi muito eficaz, conseguimos trabalhar a intersetorialidade, o trabalho integrado. Cada um pode contribuir e fazer com que isso venha se expandir mais e mais”, defendeu.

De acordo com o IBGE, em 2018, 65,2% dos adolescentes brasileiros com idade entre 13 e 15 anos faziam uso mensal de álcool, e outros 11,7% usavam com frequência, de quatro a seis vezes por mês. E 9% diziam fazer “uso pesado” de bebidas alcoólicas.

O deputado estadual Lídio Lopes (Patriota) reforçou que o álcool é a principal porta de entrada para outras drogas. “A pessoa começa a consumir a bebida alcoólica e, depois, não se contenta mais. Depois da cerveja, quer algo mais forte, vai para os destilados e, depois, entra na maconha, cocaína, crack, e daí por diante. Esse é o grande problema que a gente enfrenta”, disse.

O subsecretário de Políticas Públicas para Juventude, Ian Odara Araújo Leal, defendeu maior participação da família na discussão.

“Precisamos olhar para o início: temos bebida, cigarros, os cigarros eletrônicos. Isso cria uma preocupação muito grande e precisamos trazer a sociedade para discutir essa pauta. As drogas desencadeiam outras problemáticas. O poder público vem fazendo sua parte: uns dizem que é pouco, outros dizem que é o suficiente. Mas é uma questão que vai muito além do poder público. Entendo que ela começa dentro da família.  Então, precisamos trazer todos os atores para debater essa pauta”, afirmou.

Para o vereador Prof. Juari (PSDB), não se trata de um assunto de segurança pública, mas, sim, de saúde pública. “Sempre coloquei esse tema como saúde pública. Sabemos que é uma questão de investimentos, mas também de olhar para as pessoas. Não é gastar, é investir. Temos que fazer o que é prático, pois teoria já estamos cheios. Precisamos sair dessa audiência com encaminhamentos práticos”, defendeu.

Com informações da Câmara

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