Polícia Civil realizará estudo sobre gestos e mortes associados a facções

Local onde o corpo de "La Brisa" foi encontrado após dias do desaparecimento - Foto: reprodução/internet
Local onde o corpo de "La Brisa" foi encontrado após dias do desaparecimento - Foto: reprodução/internet

Morte de rapper do Estado em Mato Grosso pode ter sido causada por integrantes de organizações criminais por símbolo em foto

 

A morte de a cantora e rapper Laysa Moraes acendeu alerta para o uso de gestos e sinais determinados por facções e que têm provocado a morte de turistas em diversos estados do país. A fim de garantir a segurança da população, policiais e especialistas de segurança dão orientações para que as pessoas entendam os riscos associados a sinais feitos com as mãos em fotos, que podem ser interpretados como gestos pelas organizações.

De acordo com policiais, a investigação do falecimento de Laysa Moraes, mais conhecida como “La Brisa”, encontrada morta no Rio Cuiabá, na tarde de quinta-feira (9), em Mato Grosso, aponta que o crime foi cometido por facção criminosa. A linha de investigação suspeita que gestos realizados pela rapper em fotos nas redes sociais podem ter sido interpretados como gestos utilizados por organizações criminais.

“Nós conseguimos constatar que foi homicídio, pelas características, pela forma que ela foi encontrada, amarrada do jeito que estava. E tem muitas características de facção criminosa envolvida”, relada o delegado do caso, Bruno Abreu.

O corpo da cantora deve chegar hoje (11) em Mato Grosso do Sul. Laysa Moraes será sepultada em Três Lagoas.

Estudo e conscientização

Segundo a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, “no Estado não há qualquer domínio de facções criminosas”, afirma em nota. Embora essa não seja a realidade de Mato Grosso do Sul, a Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), especializada em repressão à corrupção e ao crime organizado, pretende realizar um estudo sobre gestos e crimes cometidos a mando de oraganizações. O intuito é garantir um mapeamento para que futuras campanhas de conscientização sejam realizadas, explica a delegada Medina, diretora da Dracco.

“Nós fazemos um alerta para as pessoas, para que tenham esse cuidado. Claro que a gente não vai poder limitar ninguém a tirar foto ou impedir alguma coisa assim. Mas é uma realidade que está aparecendo. É algo novo e agora faz parte do dinamismo que a gente precisa ter para o enfrentamento das organizações criminosas. Com certeza a gente vai fazer esse acompanhamento sistemático, esse estudo e alertar as pessoas”.

Para a vice-presidente da comissão de segurança pública da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Maria Isabela Saldanha, a falta de informação a respeito dos gestos pode levar à população, em especial os mais jovens, a um risco de retaliação por parte das facções. A idolatria dos mais novos, que podem adotar esses grupos como “referência” de estilo e personalidade, pode ser um dos principais fatores.

“Digo isso com bastante seriedade, porque os mais jovens precisam ser conscientizados e precisam parar de fazer gestos e usar símbolos e muitas vezes até apologia ao crime, sem saber a consequência disso”, alerta.

O crime contra a cantora traz à tona dois outros casos que ocorreram no ano passado. Pelo mesmo motivo, em Porto Esperidião (MT), cidade próxima à fronteira com a Bolívia, uma candidata a vereadora e sua irmã foram assassinadas por um líder do Comando Vermelho. O mesmo ocorreu com um turista em Jericoacoara, no Ceará, que foi sequestrado e brutalmente assassinado. Devido aos registros recorrentes de casos, a vice-presidente destaca a importância da conscientização e ressalta que facções criminosas controlam uma parte considerável da sociedade.

“Então a juventude precisa se alertar que fazer um gesto de uma facção criminosa, por mais que seja liberdade de expressão, pode ter consequências. Nós vivemos num mundo hoje onde facções criminosas controlam uma parte considerável da sociedade. Não dá para nós termos uma visão cinematográfica do mundo do crime e das facções”, enfatiza.

Para garantir a segurança da população, Maria Isabela Saldanha pontua que campanhas de conscientização são de suma importância. “Informação é a principal arma da sociedade. Assim como a Segurança Pública precisa continuar investindo no combate aos crimes, nos quais operam tais facções, também precisa informar a juventude. Também precisamos de artistas que falem aos jovens, sobre o lado não glorificado e obscuro dessa dinâmica das facções e seus tribunais do crime”.

 

Por Ana Cavalcante

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