Valor do dólar chega ao bolso do consumidor sul-mato-grossense atingindo consumo do pão francês

pao frances
Foto: Marcos Maluf

A importação da farinha de trigo é atribuída ao aumento, avalia economista

 

O aumento na cotação do dólar tem reflexos diretos para os consumidores, pois afeta principalmente a inflação do país. Um exemplo desse impacto é na compra de um dos alimentos mais consumidos pela população, o pão francês. Isso porque parte da matéria-prima, como o trigo, usada no preparo é importada. Conforme avaliou o professor de ciências econômicas da UFMS e economista, Odirlei Dal Moro. O dólar é utilizado como parâmetro para o estabelecimento da taxa de câmbio em outros países, por isso seu comportamento atinge o mundo todo.

“Quando ocorre uma desvalorização cambial, as mercadorias e insumos importados ficam mais caros, ocasionando a inflação. Toda a economia sente os efeitos de uma desvalorização cambial. As indústrias veem seu custo de produção crescer, dado que grande parte dos insumos são importados, o mesmo ocorrendo com o Agronegócio. E consequentemente os preços dos alimentos crescem. O caso mais emblemático é a farinha de trigo, a qual dependemos muito de importações”, explica o especialista.

Dólar é o nome dado a uma série de moedas (ou divisas) adotadas por economias nacionais ao redor do mundo como sendo o seu dinheiro oficial ou paralelo, isto é, que circula junto da moeda nacional. O impacto da desvalorização do real frente ao dólar tende a chegar a produtos do cotidiano do brasileiro em poucos meses, caso indústria e varejo não consigam evitar o repasse para o preço final. Segundo uma estimativa exclusiva da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo), em um intervalo de 12 meses, uma apreciação de 10% do câmbio tem um choque de 1,9% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

No índice geral de inflação, a escalada do dólar é amortecida pela menor influência da moeda em serviços e preços administrados. Por isso, os economistas simularam também o comportamento de itens em que a pressão do câmbio pode ser sentida rapidamente e que representam 7,2% da cesta do IPCA. O impacto nos produtos de um choque de 10% no câmbio para o pão de forma seria um aumento de 8,20%, seguido pelo bolo (8,20%), azeite (7,7%); pão francês (6,80%); farinha de trigo (6,4%); GNV (4,7%); etanol (4,2%) e gasolina (2,1%). Ainda segundo cálculos dos especialistas da CNC, uma alta de 10% do dólar levaria um mês para afetar o preço do pão francês e dois meses o pão de forma.

No caso de produtos que estão no café da manhã do brasileiro, dado que o país importa trigo, principalmente dos sócios do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) e dos Estados Unidos, a “contaminação” pela alta do dólar é rápida. “Como são itens com forte presença de importados, a transmissão é mais rápida. É como se dentro de cada garrafa de azeite tivesse dólar”, diz Fabio Bentes, economista da CNC.

Os choques do dólar sobre esses itens não significam, necessariamente, que esse será o reajuste que chegará ao consumidor final. Bentes lembra que o fabricante e o varejista tendem a postergar o repasse dos aumentos de custos, mas a capacidade de adiar varia entre os segmentos. “Se o varejista vende um bem de consumo durável, como um eletrodoméstico ou um celular, consegue segurar um pouco mais o repasse de preços. Quando vende combustível ou alimentos, é como se tivesse aquele resfriado que não dá trégua, o dólar contamina o preço mais rapidamente”, concluiu.

 

Por Suzi Jarde com informações da Folha de São Paulo

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