Na manhã desta sexta-feira (15), feriado nacional, trabalhadores se reuniram em uma manifestação na praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, para protestar contra a jornada de trabalho 6×1 e exigir o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília. O ato, que contou com a presença de trabalhadores de diversas categorias, busca sensibilizar a população e os parlamentares sobre os impactos da atual jornada de trabalho sobre a vida pessoal e a saúde dos trabalhadores.
A PEC em questão propõe uma mudança significativa na legislação trabalhista, visando reduzir a carga horária semanal de 44 para 40 horas, com a substituição da jornada 6×1 (seis dias de trabalho e um de descanso) pela jornada 4×3 (quatro dias de trabalho e três de descanso). A proposta já conta com o apoio de 194 deputados, superando as 171 assinaturas necessárias para sua continuidade no Congresso.
Entre os manifestantes, estava Murilo Henrique, de 20 anos, que trabalha como atendente de uma rede de lanchonetes. Ele destacou como a jornada 6×1 impacta sua vida pessoal, limitando seu tempo para estudar e se divertir com amigos e familiares. “Tira meu tempo de poder fazer outras coisas, como estudar ou poder me divertir com a minha família e amigos. Se for aprovada, eu vou ter muito mais tempo, porque é muito cansativo, principalmente na madrugada”, afirmou Murilo.
O presidente do diretório do PT em Mato Grosso do Sul, Agamenon do Prado, também participou da manifestação e destacou que a mudança na jornada de trabalho poderia contribuir para a criação de novas vagas de emprego. “Nós sabemos que o mundo tem dificuldade de geração de emprego, e acho que com a redução de jornada, vai abrir a possibilidade de abrir novas vagas de emprego. Esse discurso de que a empresa vai falir é algo bem antigo”, defendeu Agamenon.
A jornada 6×1 tem um impacto ainda maior sobre as mulheres, que, além do trabalho remunerado, precisam conciliar as responsabilidades domésticas e o cuidado com os filhos. A professora universitária Bartolina Ramalho, de 62 anos, destacou como as mulheres do comércio, que trabalham seis dias por semana, sofrem com a falta de tempo para lazer e para cuidar da própria saúde. “Mulheres do comércio, por exemplo, trabalham seis dias na semana e ainda precisam cuidar da casa, dos filhos, e quase não têm tempo para lazer. A falta do lazer tem adoecido essas famílias. Uma mulher cansada, estressada, sem tempo para si, adoecida, adoece toda a família”, afirmou Bartolina.
A assessora parlamentar Alice Leal também se manifestou durante o protesto, afirmando que a luta contra a jornada 6×1 é essencial para garantir mais qualidade de vida aos trabalhadores. “Qualquer jornada que não maltrate o trabalhador é importante para melhorar o desempenho dos trabalhadores”, disse Alice.
A PEC, que busca reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais e adotar a jornada 4×3, tem apoio de diversos trabalhadores e organizações. O projeto é resultado de um esforço coletivo, com quase 800 mil brasileiros e brasileiras que assinaram petições em apoio à proposta, evidenciando o apoio da sociedade à mudança. O texto da PEC de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) já conta com ampla adesão no Congresso e, se aprovada, poderá modificar substancialmente a legislação trabalhista no país.
A proposta ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionada pelo presidente para ser incorporada à Constituição Brasileira. O movimento continua ganhando força, e os trabalhadores esperam que sua luta resulte em uma legislação mais justa, que permita mais tempo para a vida pessoal e para o bem-estar de todos.
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