Quarentena: Como controlar a ansiedade e não descontar na comida?

A ansiedade é um distúrbio ligado a questões emocionais. A relação entre o tormento e a busca pelo prazer rápido faz da comida uma válvula de escape. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil quase 10% da população sofre com o problema e, em tempos de isolamento social, quando as pessoas devem ficar em casa, os números podem crescer em razão de todas as incertezas que o período traz.

Alguns gatilhos podem desencadear uma crise de ansiedade, mas é preciso tomar cuidado para não descontar a angústia na comida. De acordo com a nutricionista e professora do Curso de Nutrição da Uniderp, Faena Moura, o primeiro passo para não sofrer as consequências do distúrbio é conseguir identificar as causas do problema.

“Diminuindo o excesso de informações trágicas, fazendo ligação de vídeo com pessoas de quem sentimos saudades, dormindo mais cedo, são alguns exemplos. Após isso, é tentar associar quais as consequências dessa ansiedade, é o excesso de qualquer tipo de comida? É a omissão de refeição? É a substituição de comida saudável por fast-foods? Dessa forma podemos planejar as estratégias para driblar essas reações. Por isso é essencial consultar um profissional nutricionista para que ele possa fazer esse mapeamento e orientar cada indivíduo conforme o diagnóstico nutricional”, explica a especialista.

Perda ou aumento de apetite são queixas comuns de pessoas que sofrem de ansiedade – um desequilíbrio alimentar tem relação direta com a saúde do corpo e da mente. Perder ou ganhar peso, falta de sono, estresse e má digestão são consequências do problema. Para minimizar os sintomas da doença, a nutrição e a alimentação saudável podem contribuir para a melhora.

“É importante ter como base uma alimentação saudável, com foco no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e em menor proporção, os alimentos industrializados. Quanto mais ‘comida de verdade’ consumirmos, maior será a quantidade de nutrientes benéficos ao bom controle da saúde e da fisiologia corporal”, afirma a professora.

A procura por alimentos à base de açúcares é, sem dúvida, parte da rotina de pessoas ansiosas, uma vez que ele é capaz de estimular o cérebro e causar sensação de prazer e bem-estar. Mas ele, com certeza, não é a melhor opção para se livrar dos sintomas.

“Aumentar o consumo de alimentos de sabor amargo pode ajudar no controle da vontade de comer doces, como, por exemplo, vegetais verdes, escuros e chás. Além disso, apostar nos alimentos ricos em fibras, como aveia e trigo integral. Sementes de gergelim e chia, legumes crus como cenoura, beterraba e frutas com casca, maçã e pera, são alguns exemplos. As fibras ajudam a controlar a glicemia, evitando picos e quedas bruscas, um dos gatilhos para a vontade de comer doce”, revela.

Algumas pessoas quando ansiosas podem ter diarreia, outras podem ter dor no estômago e cólicas. “Nestes dias é importante consumir alimentos que sejam da rotina e leves, sem excesso de açúcar e gordura”, orienta a nutricionista.

Segundo a nutricionista, mudar hábitos pode contribuir com a melhora do problema. “Começar com pequenos passos, sem precisar esperar segunda-feira. A mudança pode começar com a inclusão de alimentos em vez de exclusão. Para elucidar como seria na prática: colocar mais salada no prato do jantar, por exemplo, já pode auxiliar na saciedade e sem perceber começará a reduzir a quantidade dos outros alimentos, e assim não precisará excluir essa refeição, como muitos fazem. Incluir, após o bolo no lanche da tarde, uma fruta mais rígida e com casca para estimular a mastigação, a saciedade e ainda de quebra consumir mais nutrientes”, recomenda.

Para combater a ansiedade e o estresse, cada pessoa tem uma técnica para relaxar. O chá pode ajudar. A combinação de algumas plantas traz resultados bons para ter uma boa noite de sono e um dia mais tranquilo, como, por exemplo, camomila, que é anti-inflamatória, antioxidante e ajuda a acalmar. O de maracujá contém substâncias sedativas.

Estabeleça metas saudáveis

As metas devem ser estabelecidas conforme a realidade de cada pessoa, sem usar orientações que foram feitas para outros, como estilo de vida de blogueiras e personalidades famosas que não condizem com a sua rotina.

“Pense em como pode evoluir diariamente, sem pressão de conseguir toda a mudança que você quer em pouco tempo. Você levou anos e até décadas para desenvolver hábitos e gostos que possui hoje, então, não será em pouco tempo que tudo será desconstruído. Esse processo também envolve autoconhecimento e entrega para conseguir identificar e dominar os impulsos que nos fazem desistir da mudança. Reconhecer que somos humanos e podemos falhar também é importante, pois muitas vezes, por ter feito escolhas menos saudáveis em uma refeição, achamos que nada mais valerá e desistimos de tentar, quando na verdade podemos usar essa vivência para aprender e melhorar na próxima refeição”, aconselha.

(Texto: Bruna Marques)

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