No Brasil, o dia 20 de novembro é muito mais do que um feriado. É um dia marcado por celebrações que remetem à luta pela igualdade racial e à memória de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo que resistiu bravamente à opressão dos colonizadores por quase um século. Apesar de ser oficialmente comemorado desde 2011, apenas alguns estados e municípios reconheciam essa data como feriado. Contudo, uma nova legislação nacional, a Lei 14.759/2023, sancionada pelo presidente Lula, tornou o 20 de novembro um feriado em todo o país.
A autoria dessa legislação é do senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, e teve como relator o senador Paulo Paim, do PT gaúcho. Aprovada no Senado em 2021 e na Câmara em novembro de 2023, essa lei marca um avanço significativo no reconhecimento da importância histórica e cultural do Dia da Consciência Negra.
O senador Paulo Paim destaca a relevância desse dia como um momento de reflexão sobre a história escravocrata do país e a persistência do racismo. Ele enfatiza que o 20 de novembro é um dia de consciência, diálogo e debate sobre todas as formas de preconceito, discriminação e racismo que ainda afetam a sociedade brasileira.
“Esse dia é muito mais, muito além de poder ser um feriado. É um momento de consciência, de debate, de diálogo, sobre todas as formas de preconceito, discriminação e racismo. Que atinge toda a sociedade. Então é um dia para mim de paz, de amor, de fraternidade. Onde o país reflete que podemos ser uma grande nação se soubermos combater todo tipo de preconceito”, destaca o senador.
MS
Em Mato Grosso do Sul, um estado conhecido por sua rica diversidade cultural e étnica, a identificação étnico-racial revela uma contradição intrigante. Recentemente, dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a maioria da população sul-mato-grossense se declara parda, desafiando a tendência nacional onde a maioria é composta por pessoas negras.
Dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que 54% da população brasileira é negra. Dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2016, mostram que mulheres brancas recebem 70% a mais que mulheres negras.
De acordo com o Censo, 46,9% dos habitantes de Mato Grosso do Sul se autodeclararam pardos. Em seguida, aparecem os que se identificaram como brancos, totalizando 42,4%; pretos, com 6,5%; indígenas, com 3,5%; e amarelos, representando 0,7% da população.
Os números revelam que dos 2.757.013 habitantes do estado, 1.293.797 afirmaram ser pardos, 1.168.407 brancos, 179.101 pretos, 116.469 indígenas e 19.616 amarelos.
Essa contradição estatística aponta para uma complexidade na construção da identidade racial em Mato Grosso do Sul. Enquanto o cenário nacional é majoritariamente composto por pessoas que se identificam como negras, o estado destaca-se pela predominância da população parda.
A diversidade étnica é uma característica marcante desse estado, que abriga uma mistura de culturas e heranças históricas. A explicação para esse fenômeno pode estar relacionada à miscigenação intensa que ocorreu ao longo da história, resultante da interação entre diferentes grupos étnicos, como indígenas, europeus e africanos.
É interessante observar que, mesmo dentro da categoria parda, há uma ampla gama de tonalidades e nuances, representando a multiplicidade de origens étnicas presentes em Mato Grosso do Sul. Essa heterogeneidade reflete não apenas uma questão estatística, mas também uma riqueza cultural que permeia a sociedade sul-mato-grossense.
Ao analisarmos esses dados, é essencial ir além dos números e considerar a complexidade das identidades individuais. A contradição entre a predominância de pessoas pardas em Mato Grosso do Sul e a maioria negra nacional destaca a necessidade de compreender a diversidade e respeitar as diferentes formas como as pessoas se identificam racialmente.
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