Morre aos 89 anos Roberto Duailibi, campo-grandense ícone da publicidade brasileira e defensor da cultura árabe

Foto: divulgação
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Morreu nessa sexta-feira (18), em São Paulo (SP), o publicitário Roberto Duailibi, aos 89 anos. Nascido em Campo Grande, então pertencente ao Estado de Mato Grosso, Duailibi foi um dos nomes centrais na transformação da publicidade brasileira, cofundador da agência DPZ e ativo defensor da cultura árabe no país. A causa da morte não foi divulgada.

Filho de imigrantes libaneses, Duailibi cresceu em uma família profundamente ligada às tradições orientais, cultivadas por meio da culinária, religiosidade e linguagem. Seu pai, farmacêutico e especialista em essências, veio ao Brasil com a missão de fundar a empresa Coty, e também se envolveu com atividades de garimpo. “Além do comércio, ele entrou muito em garimpo também”, relembrou o publicitário em depoimento ao Museu da Pessoa, em 2005.

Na infância, viveu intensamente o contato com a natureza do cerrado e com a simplicidade da vida em ruas de terra batida. “A gente crescia de pés descalços e aquele calçãozinho azul de elástico, que era o que bastava para uma criança”, disse. Segundo ele, Campo Grande era bilíngue informalmente, influenciada por emissoras de rádio da Argentina e do Paraguai.

Carreira marcada por inovação

Duailibi começou a trabalhar muito jovem, aos 17 anos, na empresa Colgate-Palmolive. Formou-se pela Escola de Propaganda de São Paulo em 1956 e acumulou experiências em grandes agências, como a JWT, McCann Erickson e Standard Propaganda (hoje Ogilvy), onde chegou ao cargo de vice-presidente de criação.

Em 1968, fundou, ao lado de Francesc Petit e José Zaragoza, a agência DPZ, marco de uma nova era na propaganda brasileira. O trio revolucionou o setor ao romper com os modelos engessados das multinacionais, defendendo a criatividade como essência da publicidade. “Queríamos viver do nosso trabalho, e com dignidade”, disse Duailibi.

A DPZ foi responsável por campanhas memoráveis, como o Garoto Bombril e o icônico Leão do Imposto de Renda, que ajudaram a construir a identidade da publicidade nacional nas décadas seguintes.

Professor, acadêmico e ambientalista

Além da atuação no mercado publicitário, Duailibi foi professor e diretor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), lecionou na USP e ocupava desde 2015 a cadeira nº 21 da Academia Paulista de Letras.

Autor de livros como Cartas a um Jovem Publicitário, Criatividade & Marketing e Duailibi das Citações, ele também era uma figura respeitada no meio intelectual e cultural. Nos últimos anos, permaneceu ativo nas redes sociais, onde comentava com lucidez, ironia e preocupação ética os rumos da comunicação.

Também se destacou como defensor do meio ambiente, inspirado pela infância no cerrado. “A relação com a natureza me deu uma sensibilidade que mais tarde virou consciência ecológica”, afirmou no depoimento ao Museu da Pessoa.

 

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