Como parte do calendário alusivo às comemorações dos 123 anos de Campo Grande, foi realizada na noite de ontem a entrega de contratos de regularização fundiária do Jardim Sayonara, comunidade localizada na Região Urbana do Imbirussu. Na ocasião, 340 famílias que integram a antiga ocupação consolidada, existente há mais de 30 anos em Campo Grande, foram contempladas e agora possuem o documento válido que garante a posse dos imóveis.
Considerada uma das fundadoras da ocupação, Maria Tereza comemora este momento. “Era apenas uma fileira com 15 barracos e muita vontade de prosperar na vida. Fui garçonete e criei três filhos trabalhando muito. Estou muito feliz porque a Prefeitura resolveu de vez a regularização da nossa casa”, explicou.
A prefeita da Capital, Adriane Lopes, esteve na ação e em seu discurso destacou os projetos desenvolvidos nos últimos seis anos na área de habitação que tiveram como uma das prioridades a regularização fundiária. “Desde 2017 nossa gestão transformou em proprietários 5 mil famílias que viviam em insegurança de perder seu lar e agora têm a segurança e tranquilidade para fazer melhorias em seus imóveis. Acreditem nos seus sonhos, tudo é possível”.
Mais de 1.300 pessoas são beneficiadas diretamente com a regularização fundiária de suas moradias no Sayonara. A medida proporciona uma série de vantagens para a comunidade como facilitar o financiamento para execução de melhorias nas habitações, preservação do patrimônio da família, acesso a todos os serviços públicos do município e valorização dos imóveis.
O título de regularização, entregues nessa segunda-feira (15), se baseia pela Lei Federal de Regularização Fundiária n. 13465 em vigor desde 2017. Ela permitiu que a Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) pudesse destravar os projetos que se encontravam suspensos, proporcionando subsídios para solucionar, em definitivo, casos como o da ocupação irregular Nova Esperança e do Jardim Sayonara, com mais de 30 anos na irregularidade.
Regularização
A presidente da Associação de Moradores do Jardim Sayonara, Valdelice Pereira da Silva, 59 anos, é carinhosamente conhecida na comunidade por “Neguinha do Sayonara”. A liderança morava de aluguel, quando decidiu montar um barraco de lona na região, em 1986. “Fiquei viúva muito cedo. Eu tinha 26 anos e ele 27, quando faleceu de ataque cardíaco. A minha filha era bebê e foi um desafio muito grande. Eu vivi humilhações quando morava de aluguel, porque o dono sempre queria vender a casa”, relembrou a presidente da associação.
Valdelice vendia os salgados que produzia. Hoje, ela olha para o passado e diz ter valido a pena. “A minha filha estudou, está casada e tem a família dela. É um alívio poder dizer que a casa agora vai ser minha e já regularizada. Agora a gente sabe que nosso imóvel está bem valorizado”, contou orgulhosa.
Dorcília Luiza de Oliveira, 71 anos, mora com os filhos e netos. A aposentada também entrou na área em 1986 e recorda como era a situação no local. “Era puro mato, um brejo mesmo. Não tinha água, luz ou asfalto. O capim chegava a cobrir a gente. Trabalhei muito de doméstica e demorou 36 anos para pegar o documento da minha casa. Mas graças a Deus, deu tudo certo”, comemorou. Já Maria Tereza Neta, 75 anos, que também ocupou o local em meados dos anos 80, se recorda de um fato curioso sobre o Sayonara. “Me lembro que até as patrolas e guinchos que viam tentar retirar os carros do brejo ficavam atolados. Agora está tudo diferente, e regularizada então, é chiquérrimo!”, contou entre risos.
Leia mais: Aniversário de Campo Grande será celebrado com entrega de obras e atrações culturais
Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.