Maternidades da Capital agora devem ter doulas no auxílio ao parto

Foto: Arquivo Pessoal/ Lais Camargo
Foto: Arquivo Pessoal/ Lais Camargo

Está em vigor a Lei 7.210 que torna obrigatória a presença de uma doula durante o período de trabalho de parto, parto e pós-parto nas maternidades públicas e particulares de Campo Grande. A parturiente pode ter a sua doula de escolha pessoal.

Para as unidades particulares, é proibida a cobrança adicional nos custos do parto a presença das profissionais no período do parto. Além disso, as doulas devem ser pessoas certificadas e inscritas nas instituições oficiais da categoria, como sindicatos ou associação com jurisdição aqui na Capital.

Outro ponto importante, é que a lei separa exatamente quais as funções da auxiliar de partos com a da equipe médica. Elas estão proibidas de fazer procedimentos clínicos, administração de medicamentos, monitorar batimentos cardíacos e até toque. A unidade hospitalar que não respeitar esses e lei de obrigatoriedade e nem esses”limites” pode receber multa de até R$ 94,8 mil em casos de recorrência.

Atuando como doula desde 2015, Laís Camargo considerou de extrema importância essa separação das funções, para que a equipe consiga trabalhar em total sintonia e harmonia, já que o mais importante é tornar aquele momento seguro para mãe e bebê.

“Temos evidências científicas da diferença que faz a presença da doula no acompanhamento da gestação e parto é uma das coisas mais importantes dessa lei é que ela detalha o papel da doula, para que ninguém confunda com equipe médica ou de enfermagem. Muitos médicos nos tratam ainda como leigas e desnecessárias em um parto, mas não podemos esquecer que desde o início da humanidade mulheres sempre auxiliaram mulheres em tudo que tange o nascimento. Essa presença amiga faz toda a diferença no parto e puerpério”, explica Laís.

Ela já acompanhou partos que duraram três dias e outro que em 15 minutos a criança já estava nos braços da mãe. Independente da evolução, cada caso é um caso e ter esse auxílio garantido por lei é algo a se comemorar.

“É uma conquista não só para as doulas, mas principalmente para as gestantes, que têm garantida por lei agora a presença de apoio contínuo ao longo do parto e pós-parto. Escolhi essa profissão por acreditar que é uma missão auxiliar mulheres nesse processo profundo do nascimento, que ninguém deve passar por essas etapas sozinha. Já acompanhei uma mulher que ia pra cesárea e chegou no hospital parindo sem sentir nada de dor. Nosso corpo é perfeito”, destaca a profissional.

Professora de educação física, Francielli Barbosa sempre trabalhou com a preparação física das mulheres para o momento do parto, mas em 2020 sentiu a necessidade de estar com elas dando apoio emocional.

“O reconhecimento da lei é importante para nós doulas porque agora não vão mais poder barrar a nossa entrada no hospital seja lá por qual motivo for. E mais ainda para a gestante que poderá contar com o apoio de uma profissional que de fato estará ali para ela, de forma exclusiva dando o suporte que ela necessitar”, compartilha.

Francielli também reconhece que há profissionais que ainda não valorizam a importância das doulas junto com as mães. “Ainda vejo médicos e até mesmo enfermeiras desvalorizando a presença da doula por achar que ela ali não faz nada, não entende nada, só está ali para ficar ‘adulando’ a gestante ou por achar que queremos passar por cima dos conhecimentos técnicos”, relata.

Entre as mulheres que tiveram a companhia de Francielli no parto está Adriellen Moreira Lopes, de 32 anos, mãe de duas meninas. Ela acredita que as mulheres e quem está acompanhando precisa da presença da doula para tornar o parto mais seguro.

“A mulheres não só precisam como merecem esse acompanhamento. A presença da doula nesse momento único é importante tanto para a gestante quanto para o acompanhante, que trabalha muito o psicológico dos dois e também informações sobre os direitos de ambos”, diz.

Independente de como será o parto, ela recomenda a presença da profissional. “É a melhor escolha, aliás, independente da via de parto, a doula se torna a grande amiga no momento mais importante da mulher. Sem dúvida, é um bom investimento. Ela vai te impulsionar e passar tranquilidade qualquer que seja a sua vontade”, concluiu Adriellen.

Publicada no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) da última terça-feira (19), a lei destaca que é papel da doula incentivar e facilitar a pessoa gravídico-puerperal a buscar informações sobre gestação, trabalho de parto, parto e pós-parto baseadas em evidências científicas atualizadas; facilitar a assumir a posição mais confortável; favorecer um ambiente acolhedor e tranquilo, com banhos mornos, massagens e exercícios de respiração.

 

Por Kamila Alcântara

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