“Maioria das vítimas de feminicídios são mulheres negras por medo da polícia elas se calaram”, diz delegada Eugênia Villa

Especialista cita que
violência familiar é
o que antecede aos
crimes de feminicídio (Foto: Reprodução)
Especialista cita que violência familiar é o que antecede aos crimes de feminicídio (Foto: Reprodução)

Com cinco feminicídios registrados em sete meses 3. 760 casos de violência doméstica registrados pela polícia em Campo Grande, a pioneira no enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil e criadora da 1ª Delegacia de Combate ao Feminicídio do País, Eugênia Villa veio a Capital nesta quinta-feira (08), onde participou de um evento em alusão ao Agosto Lilás.

Pensando em deixar um legado a todas as mulheres do Brasil no dia dois de março de 2015, Eugênia criou a primeira delegacia de combate ao feminicídio. O local foi criado para investigar os crimes contra as mulheres e punir os culpados. “ O termo feminicídio foi criado para investigar as causas das mortes de mulheres só pelo fato de serem mulheres, principalmente as negras e de classe periférica . É desafiador está enraizado nas famílias. É difícil para a polícia entrar em uma casa e retirar a mulher do ciclo de violência sem ela registrar uma ocorrência. Quando nós chegamos no local do crime aquela mulher já vivenciou um ciclo de violência. Nós precisamos vencer esse silêncio e chegar antes”, relatou.

Eugênia Villa continua dizendo que a polícia só pode atuar dentro da lei, precisa de um protocolo operacionais como flagrante e delito e ordem judicial, mas o autor sempre está dentro da residência da vítima podendo comete o crime a qualquer momento.
“A violência familiar é o que antecede o feminicídio então precisamos começar com as crianças principalmente no âmbito escolar. Vamos procurar caminhos para trabalhar e fazer com que a polícia para com essa rigidez na hora de atender as vítimas de violência, precisamos deixas elas a vontade na hora de denunciar”, comentou.

A subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres de Mato Grosso do Sul, Manuela Nicodemos Bailosa também participou do evento e comentou sobre as mulheres negras vítimas de violência doméstica a importância de dar visibilidade para os marcadores sociais. “ Não podemos esquecer das mulheres indígenas, no Mato Grosso do Sul os casos ainda são altos, a cidade de Dourados é uma das mais violentas para mulheres indígenas no Brasil“, enfatizou.

Elaine Benicasa, titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Mato Grosso do Sul comentou sobre o combate contra violência doméstica realizado principalmente nas escolas. “ Já temos mais crianças e adolescentes conscientizados sobre o tema. Diversas palestras são realizadas nas unidades escolares estamos no caminho certo e no futuro se o governo federal implantação uma disciplina para os estudantes seriam um grande avanço”, ressaltou a delegada titular da Deam.

Feminicídio Negro

Não satisfeita com os casos de mulheres negras mortas, Eugênia Villa fez um balanço sobre as 280 mulheres mortas no Piauí e fez uma buscas seus assassinos e no levantamento ela descobriu que a maioria das mulheres vítimas de feminicídios são negras e os suspeitos também são negros.

“O feminicídio negro tem que ganhar visibilidade, ele mostra a vulnerabilidade dessas vítimas. As mulheres negras silenciam quando sofrem agressão, pelo simples fatos de quando um policial mata ou prende um individuo na sua maioria das vezes é negro, isso mostra que a farda escolhe raça. Não podemos tratar o feminicídio como um crime normal”, finalizou.

 

Por Thays Schneider

 

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