Irmãos com anemia falciforme esperam atendimento há 3 dias no Regional

Foto: Divulgação
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Além de transfusões de sangue, dores são tão intensas que só morfina para ajudar

Os filhos de 13 e 14 anos da vendedora Kerollayne Rocha estão desde a última quarta-feira (31) à espera de internação especializada no Hospital Regional Rosa Pedrossian de Mato Grosso do Sul, o HRMS. Por terem nascido com anemia falciforme, eles precisam de transfusão de sangue e morfina para alívio das dores, mas não conseguem sair do PAM (Pronto Atendimento Médico) adulto.

Kerollayne procurou o jornal O Estado para relatar a situação que está passando no Hospital. Segundo ela, os meninos já são pacientes fixos do Cetohi (Centro de Tratamento Onco Hematológico Infantil), mas quando precisaram dar entrada na unidade esta semana, ficaram na ala adulta e sem o atendimento que precisam para alívio das dores.

“Meus filhos estão com dor, eles têm crises de dor forte, aí tomam morfina e precisam fazer transfusões de sangue. Tá um descaso total lá, tá lotado o hospital. Tem que brigar com o enfermeiro, não vai médico ver, te dá uma satisfação. Nós temos que correr atrás, tem que ficar andando lá pelo hospital. Atrás de tudo, até de uma medicação”, expõe a mãe.

Foto: Arquivo Pessoal

Segundo ela, os meninos precisam tomar morfina de quatro em quatro horas, mas não os períodos são respeitados. “Não fizeram nenhum exame e precisam de uma transfusão, precisam subir pro Cetohi e até agora não foi feito nada”.

Outra preocupação dela é que, estando em um espaço compartilhado, lotado, há maior risco deles sofrerem com alguma infecção. “Nem exames fizeram neles e não falaram nada sobre a transfusão de sangue. Ali eles não podem ficar por muito tempo por risco de infecção”, termina.

Em nota enviada ao jornal O Estado, o HRMS informou que o código de Ética Médica, assim como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, “não permite que o hospital divulgue qualquer informação sobre pacientes específicos e que existem meios próprios para buscar esse tipo de informação, seja via Ouvidoria ou com o médico assistente”. Em um segundo comunicado, afirmaram que vão verificar a situação para um novo posicionamento, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno.

É importante lembrar que em junho, o Ministério Público Estadual abriu inquérito civil para apurar irregularidades no atendimento pediátrico no HRMS. Na época do pedido, mães denunciaram a precarização na estrutura e falta de equipamentos.

De acordo com a denúncia, apresentada pela promotora Daniella Costa, na unidade há insuficiência de profissionais, ausência de insumos, está com o aparelho de tomografia estragado e foi constatado a falta de manutenção física. O local chegou a ter falta de insumos para colocação de um cateter venoso para bebês, sendo necessário pedir emprestado para outras unidades hospitalares.

Por Kamila Alcântara 

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