Mesmo após a SES (Secretaria de Estado de Saúde) autorizar os municípios a aplicarem a vacina Pfizer para a segunda dose de quem recebeu a primeira de AstraZeneca ou CoronaVac, Campo Grande não deve utilizar essa estratégia. É que, segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, como a Capital tem adiantado o calendário de vacinação, não necessita utilizar outra marca de imunizante para impedir atrasos de aplicação.
Uma das justificativas da SES para aprovação da chamada intercambialidade de vacinas é o atraso do envio, por parte do Ministério da Saúde, de lotes da AstraZeneca em razão da falta do IFA (ingrediente farmacêutico ativo) para a produção das doses pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Porém, esse problema ainda não afeta Campo Grande.
O titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) explicou que, nos meses de abril, maio e junho, um grande número de doses desse imunizante estava previsto para ser distribuído pelo Ministério da Saúde, diferente de julho, agosto e setembro, quando a quantidade entregue de AstraZeneca seria menor. Por isso o município decidiu se precaver adiantando o calendário da segunda dose, diminuindo o intervalo entre uma aplicação e outra de 12 para 8 semanas.
“Com oito semanas de prazo, consigo ficar mais 30 dias sem aplicar nenhuma segunda dose [da AstraZeneca], porque estou no prazo, já que eu consegui adiantar a aplicação e estava prevendo que os meses de julho, agosto e setembro seriam o ‘gargalo’ da AstraZeneca. Isso já era previsível, por isso que não temos a necessidade de usar a segunda dose com Pfizer”, explicou José Mauro Filho.
Até ontem (14), Campo Grande tinha um estoque com cerca de 7 mil doses da AstraZeneca e vacinava com a segunda aplicação pessoas que receberam a primeira dose até o dia 15 de julho. Se o município estivesse cumprindo o intervalo máximo estabelecido pelo fabricante, de 12 semanas entre uma aplicação e outra, esse grupo que estava sendo imunizado nessa terça-feira só se vacinaria no próximo mês. “Terminando essas 7 mil doses, vamos aguardar a AstraZeneca chegar, porque a população vai estar dentro das oito semanas que é o prazo que a gente pode aguardar para a segunda dose”, reforçou.
Ainda conforme o secretário, as pessoas que precisam tomar a segunda dose da CoronaVac também estão com o ciclo vacinal em dia. Caso Campo Grande precisasse usar a Pfizer para imunizar quem recebeu a primeira dose de AstraZeneca ou do imunobiológico do Instituto Butantan, prejudicaria a aplicação da terceira dose.
“Eu preciso da Pfizer para fazer a D3 e D2 de Pfizer, os municípios que vão usar a Pfizer para fazer a D2 de AstraZeneca não vão fazer a D3 e nem segunda dose de Pfizer. Adiantamos o calendário, justamente para eventual problema como esse que está acontecendo, isso foi uma estratégia assertiva, porque o Brasil inteiro está tendo falta [de AstraZeneca]”, finalizou José Mauro.
Aplicação de segunda dose com Pfizer
Uma resolução da CIB (Comissão Intergestores Bipartite) autorizou os municípios a realizarem a intercambialidade de doses a
partir dos lotes da Pfizer que chegaram a Mato Grosso do Sul na segunda-feira (13) e foram distribuídos aos municípios ontem (14).
Segundo o titular da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Geraldo Resende, estudos recentes apontam a eficácia da intercambialidade de vacinas contra a COVID-19. “Temos constatações científicas de que essa medida apresenta segurança e pode levar ao aumento da resposta imunológica das pessoas”, constata.
A intercambialidade entre as vacinas também foi liberada pelo Ministério da Saúde por meio de nota técnica quando não for possível aplicar a segunda dose com o imunizante do mesmo fabricante. A segunda dose deverá ser administrada no intervalo previamente definido, respeitando o intervalo adotado para o imunizante utilizado na primeira dose.
(Texto: Mariana Ostemberg com informações da assessoria)