A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) criou um plano de resposta aos impactos que o vazamento de óleo em praias do Nordeste pode ter na saúde da população, que deve ser preparado em, no máximo, 30 dias. Antes disso, a Fiocruz vai atuar no treinamento em larga escala de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e na preparação de material de orientação às pessoas das localidades.
Para chegar a profissionais das cidades atingidas, a Fiocruz deve lançar mão tanto de cursos a distância no Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) quanto de cursos presenciais nos locais. Já para orientar moradores, está em discussão inclusive a criação de manuais, cartilhas e vídeos explicativos.
“Temos capacidade de fazer um trabalho de larga escala e no curto prazo”, disse Guilherme Franco, assessor da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz. Ele lembrou que a fundação já vinha participando de modo informal da resposta ao vazamento, dando orientação a voluntários e apoiando ações de vigilância. “Há muitas dimensões [em] que a Fiocruz pode atuar.”
No último dia 29, a Fundação foi formalmente convidada pelo Ministério da Saúde a elaborar um plano de ação que incluirá o desenvolvimento de pesquisas sobre o desastre ambiental e o acompanhamento de longo e médio prazos sobre possíveis consequências do desastre para a saúde.
Ao longo do dia de hoje, quase 100 especialistas de ao menos cinco unidades da Fiocruz estiveram reunidos por videoconferência para discutir o tema. Além da sede, no Rio de Janeiro, participaram pesquisadores das regionais da fundação na Bahia, no Ceará, em Pernambuco e no Piauí.
Os pesquisadores se preocupam com intoxicações agudas pela exposição ao óleo e também com os efeitos que o contato com os hidrocarbonetos podem produzir no longo prazo. Segundo a Fiocruz, o efeito mais temido de longo prazo é a ocorrência de câncer, já que o benzeno, um dos hidrocarbonetos, é comprovadamente cancerígeno.
Nesse sentido, serão considerados também a segurança alimentar das comunidades atingidas e os efeitos sobre grupos prioritários, como pescadores, marisqueiras e grávidas, incluindo também profissionais e voluntários envolvidos na retirada do óleo.
(Texto: Izabela Cavalcanti com informações de Agência Brasil)