Desigualdades agravam-se para pessoas com deficiência no Brasil, revela pesquisa do IBGE

Brasília - A Coordenação de Pessoas com Deficiência (Promodef) do DF realiza atividades em comemoração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, na estação 112 Sul do metrô (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília - A Coordenação de Pessoas com Deficiência (Promodef) do DF realiza atividades em comemoração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, na estação 112 Sul do metrô (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou dados alarmantes sobre a situação das pessoas com deficiência no Brasil. Os resultados demonstram que a desigualdade se agrava nesse grupo, afetando sua educação, empregabilidade, participação no mercado de trabalho e renda. Os números chamam a atenção para a necessidade de ações e políticas inclusivas que promovam igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.

Cerca de 18,6 milhões de pessoas com dois anos ou mais de idade, o equivalente a 8,9% desse grupo etário, são pessoas com deficiência no Brasil, de acordo com o módulo Pessoas com Deficiência da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2022 do IBGE.

Desigualdade na educação:

Um dos pontos alarmantes revelados pela pesquisa é a disparidade na educação entre pessoas com e sem deficiência. No terceiro trimestre de 2022, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto entre as pessoas sem deficiência essa taxa foi de 4,1%. Além disso, apenas 25,6% das pessoas com deficiência tinham concluído pelo menos o ensino médio, em comparação com 57,3% das pessoas sem deficiência que alcançaram esse nível de instrução.

Desafios no mercado de trabalho:

A pesquisa também levantou informações preocupantes sobre a empregabilidade da população com deficiência. No mercado de trabalho, a taxa de participação entre homens e mulheres com deficiência é significativamente menor do que entre aqueles sem deficiência. Apenas 35% dos homens com deficiência fazem parte da força de trabalho, em comparação com 76% dos homens sem deficiência. Entre as mulheres, a situação é ainda mais agravada, com apenas 25% das mulheres com deficiência participando do mercado de trabalho, em contraste com 57% das mulheres sem deficiência.

Essa desigualdade é ainda mais acentuada quando se consideram os estereótipos de gênero. A analista da pesquisa, Luciana Santos, observa que a mulher com deficiência enfrenta uma situação de desvantagem em comparação com homens com e sem deficiência, além de mulheres sem deficiência. A mulher com deficiência está sempre na base da pirâmide quando comparamos esses grupos, enfrentando desafios de remuneração e participação no mercado de trabalho.

Renda e desalentamento:

Os números também revelam desigualdades significativas em relação à renda das pessoas com deficiência. O rendimento médio real habitual das pessoas com deficiência ocupadas foi de R$ 1.860, enquanto o rendimento das pessoas ocupadas sem deficiência era de R$ 2.690. Essa disparidade na renda reflete a exclusão e a discriminação enfrentadas pelas pessoas com deficiência no ambiente de trabalho.

Além disso, o percentual de desalentados, ou seja, pessoas em idade de trabalhar que não procuram emprego, é de 6% para pessoas com deficiência, superior aos 3,7% das pessoas sem deficiência. Esse dado revela a desesperança e a dificuldade enfrentada por muitos indivíduos com deficiência para encontrar oportunidades de trabalho condizentes com suas habilidades e necessidades.

Os dados apresentados pela pesquisa do IBGE evidenciam a existência de desigualdades sociais e econômicas significativas que afetam negativamente a vida das pessoas com deficiência no Brasil. É urgente que o governo, a sociedade e as instituições trabalhem em conjunto para promover a inclusão desses indivíduos em todos os aspectos da vida, garantindo igualdade de oportunidades, acesso à educação de qualidade, empregabilidade e renda justa. Somente com medidas efetivas de inclusão será possível construir uma sociedade verdadeiramente igualitária, onde todos os cidadãos tenham suas capacidades valorizadas e suas necessidades atendidas.

Com informações da Agência Brasil

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