Com cerca de 700 araras Canindé, animais vivem o impacto urbano e climático na Capital

Foto: Divulgação
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Arborização e ação coletiva podem ser medidas de conservação da espécie 

O Instituto Arara Azul estima que cerca de 700 araras da espécie Canindé vivem em Campo Grande, o que transformou a cidade na “Capital das araras”. Com o desenvolvimento da cidade, urbanização e industrialização, aumentou-se a degradação ambiental, e muitos animais precisaram adaptar-se a esses ambientes. Isso resultou em cenas comuns de fatalidades, como exemplos de aves eletrocutadas em fiação elétrica, como ocorreu recentemente em Campo Grande. Em tempos de crise climática, as altas temperaturas são outro fator de alerta para a conservação da espécie. Em entrevista com a pesquisadora Larissa Tinoco, associada ao Instituto Arara Azul, o Jornal O Estado conversou sobre o impacto urbano sobre as araras na Capital.

Uma parte do bairro Jardim dos Estados ficou sem energia por quase duas horas na segunda-feira (18), após uma arara pousar em um transformador e ser eletrocutada. A morte em rede de energia elétrica é a principal causa de falecimento das araras-canindé na Capital, segundo a especialista Larissa Tinoco, que afirma a parceria entre a Energisa e o Instituto Arara Azul, e a realização de estratégias para tornar o ambiente mais seguro e evitar futuros acidentes.

“Quando somos informados desses casos, repassamos para a Energisa, que envia imediatamente uma equipe ao local ou planeja a visita o mais rápido possível. Em alguns pontos, que possuem a fiação desprotegida entre as árvores, e sabemos que é um local de alto risco, comunicamos à Energisa, que realiza as adequações necessárias”, explicou a profissional, acrescentando que a empresa busca recorrentemente substituir o cabeamento por um mais seguro para reduzir as fatalidades.

Além da contribuição do grupo do setor elétrico, a especialista sugere outras medidas para minimizar o impacto sobre as araras em Campo Grande, como a população contatar os responsáveis quando avistar as aves pousadas em transformadores. “Se alguém avistar uma arara pousada em um transformador, deve entrar em contato com a Energisa, pois eles são os responsáveis pela rede elétrica e podem tomar as medidas necessárias. Se não conseguir contato, pode nos chamar, e nós facilitaremos a comunicação”, assegurou Larissa. A Energisa pode ser contatada via telefone 67 3398-4058 ou pelo WhatsApp da Gisa (67) 99980-0698. O Instituto Arara Azul pode ser contatado no número (67) 3222-1205.

Conservação da espécie

Deslumbrante por sua coloração inconfundível e por sua vocalização alta e forte, a arara-Canindé, um dos animais símbolos da América do Sul, pode ser encontrada na Colômbia, Guianas, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil. Em Campo Grande, é rotineiro se deparar com as aves pelas cidades, especialmente nos meses de agosto até julho, quando as araras estão escolhendo as cavidades para o seu período pré-reprodutivo, estágio que exige uma atenção especial dos profissionais. “As ondas de calor afetam principalmente o período reprodutivo, quando as araras estão com ovos e filhotes. Por isso, nós intensificamos o monitoramento durante essa fase”, afirmou a pesquisadora.

Para a conservação da espécie de araras-canindé, a especialista sugere dicas aos habitantes da Capital. “Plantar árvores é essencial, especialmente em ambientes urbanos, onde a impermeabilidade do solo e a escassez de árvores em certas áreas da cidade criam ilhas de calor, intensificando o problema do calor urbano”, disse Larissa. Ainda, a profissional pontua que considerar plantas que produzem frutos é essencial.

“Hoje, na construção civil, é comum que se utilize concreto em excesso, e o máximo que se faz é plantar algumas plantas ornamentais. Embora sejam importantes, essas plantas não têm uma função ecológica significativa; não produzem frutos nem fornecem sombra. Elas servem apenas para a estética do local, mas não contribuem, além disso. Precisamos considerar a funcionalidade da arborização urbana, não apenas a beleza das plantas. Para combater o calor, é crucial plantar mais árvores e reduzir o desmatamento urbano”, concluiu.

Por Ana Cavalcante 

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