Com alta nos casos de dengue, terrenos baldios se tornam foco da doença

Foto: Berlim Caldeirão
Foto: Berlim Caldeirão

Terrenos baldios com lixo e árvores mortas são um problema recorrente em muitas cidades, representando riscos para a saúde pública e o meio ambiente. Esses espaços abandonados se tornam depósitos de lixo, atraindo insetos, roedores e animais peçonhentos, além de poluírem o ar e o solo. Em Campo Grande não é diferente, e a situação se torna ainda mais preocupante após a Capital decretar situação de epidemia da doença.

Na rua Luciene Martins Budib, no bairro Mata do Segredo, moradores reclamam da situação de um terreno, que acumula lixo, animais e possíveis focos da dengue. Além disso, no local há uma árvore de grande porte que está comprometida, ameaçando cair a qualquer momento, como relata Maria Ferreira da Silva, de 50 anos, que mora no bairro há dois anos.

“O pessoal joga lixo, alguns dos vizinhos também, está difícil principalmente por causa da dengue. Eu já peguei a doença duas vezes, a última vez quase morri e também tem a árvore, que se cair vai afetar a minha casa. Ai eu fico sem casa, porque a Prefeitura não vai me dar outra”.

A moradora ainda alega que já notificou diversas vezes a Prefeitura e outro órgãos, mas que não obteve resposta sobre a situação. “Já ligamos lá umas quatro ou cinco vezes, ligamos no Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Semadur …eles não tomam providencia sobre a árvore, que está totalmente podre. A gente espera que a prefeitura faça algo a nosso favor, estamos desesperados, é lixo, mato, já achei cobras dentro da minha casa, que quase picaram a minha neta”.

A  falta de solução por parte dos órgãos competentes fez com que os moradores se reunissem para pagar do próprio bolso a limpeza do terreno. “O mato está muito alto. Antes pagamos para limpar, só que não podemos fazer isso sempre. Nos reunimos aqui às vezes para retirar o lixo, mas direto tem latas, garrafas de cerveja, entulho e vai acumulando. Direto o pessoal fica doente e meu filho pode estar com dengue. Aqui sempre foi assim”, relata Ada Celly Lima Medeiros, de 43 anos, moradora do bairro há sete. 

“É muito lixo, sujeira, saiu muitos animais de dentro como cobra, aranha… A arvore também é um problema, quando chove ela balança, cai galho do lugar, as telhas saem do lugar. Nosso medo maior é ela cair, acertar as casas e machucar alguém”, finaliza Ada. 

De acordo com os moradores, a dona do terreno já foi notificada sobre a situação, mas não foi até o local resolver. A reportagem entrou em contato com a proprietária, mas ainda não obteve retorno, assim como a prefeitura, que não respondeu o email enviado até o fechamento desta matéria.  Em muitos casos, os terrenos baldios são propriedades privadas que foram abandonadas pelos proprietários, ou estão em disputa judicial, o que dificulta a intervenção das autoridades para a limpeza e manutenção desses espaços.

Aumento de casos

As unidades de saúde superlotadas e a alta constante no número de casos prováveis e confirmados para a dengue fizeram com que Campo Grande emitisse ontem (29), o decreto de situação de epidemia pela doença. Em entrevista, o médico Sandro Trindade Benites, titular da Secretaria Municipal de Saúde, destacou que o cenário também está sendo observado em outras regiões do Estado e que, por isso, é importante redobrar os cuidados contra a doença.

“Em Campo Grande, assim como no Estado, estamos vivenciando uma epidemia por dois vírus, o da dengue, com mais de 4 mil casos suspeitos e com a epidemia do vírus sincicial respiratório, que tem afetado principalmente crianças”, destacou.

Cabe destacar que a preocupação sobre o avanço da doença e, principalmente, sobre os casos onde os pacientes apresentam sintomas mais graves não é recente, já que em janeiro deste ano a prefeitura chegou a emitir uma nota, informando sobre os riscos trazidos pelo período de chuvas e calor intenso, que exigem cuidados redobrados para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, o aumento no número de casos de dengue, zika e chikungunya, sobretudo em suas formas graves.

Com informações das repórteres Mylena Fraiha e Michelly Perez.

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