Agricultura Familiar: produtores de MS elogiam valor do Plano Safra, mas sentem medo de ficarem endividados

O casal Alceu Cabral
e Zuleide Canhete
vendendo queijos que
produzem ( Foto: Reprodução)
O casal Alceu Cabral e Zuleide Canhete vendendo queijos que produzem ( Foto: Reprodução)

Benefício para agricultores atingiu marca de R$ 76 bilhões, aumento de 6% em relação ao ano passado

Com oito dias de atraso, finalmente, nesta quarta-feira (3) foi anunciado o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/25 com linhas de créditos que somam R$ 76 bilhões. Apesar de juros menores, recorde de recursos e garantias de acesso ao crédito, produtores de Mato Grosso do Sul destacam a importância do financiamento, mas avaliam que o agricultor só deve buscar o recurso financeiro caso seja de extrema necessidade, prevendo um possível endividamento. Conforme comentou o proprietário do Sítio Paraíso, Alceu Cabral, que produz há mais de 10 anos leite e queijo, onde são comercializados em supermercados de Campo Grande, em feiras artesanais e para a vizinhança.

“Todo recurso que é disponibilizado para os agricultores familiares é bem-vindo, mas é algo que só se deve buscar nos bancos em caso de muita necessidade. O produtor tem que ter esse pé atrás para não ficar endividado e na dependência dos créditos. E todo pequeno, médio produtor é rentável desde que tenha conhecimento, assistência técnica, um bom projeto e foco naquilo que ele está produzindo”, concluiu o produtor.

Com o apoio de sua esposa, Zuleide Canhete e o filho Vitor Cabral, a fazenda que fica localizada em Jaraguari produz em média 15 queijos por dia. “Até o momento toda nossa produção foi utilizando recursos próprios, com muito planejamento para não acumular dívidas. E isso reflete na qualidade dos nossos produtos”, destaca o dono da marca Queijos Dazú.

Na prática, o economista e especialista no agronegócio, Stanley Barbosa, exemplificou sobre as formas e ocasiões em que os produtores familiares devem aderir às linhas de créditos. “Quando o produtor precisa de crédito para comercialização, por exemplo, então ele vai até o banco, tem lá os recursos disponíveis com juros menores. Então ele faz aquisição junto ao banco dos recursos seja pelo O Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) e outras modalidades que tem dentro do Plano Safra. Outro exemplo é para aquisição de maquinários, para investimentos em melhoramento de tecnologias dentro das lavouras. Tudo isso o Plano Safra da Agricultura Familiar é importante”, reforçou o profissional.

Ainda, avaliando a questão da comercialização dentro do Plano Safra, Barbosa explica que quando o produtor colhe os grãos do solo, ele precisa planejar como será a logística para o mercado,para isso também requer utilização de dinheiro ou crédito. “Então existem créditos do Plano Safra focado para comercialização também. E além de créditos para a industrialização, para aqueles produtores que querem agregar algum tipo de valor na sua produção. Como o produtor de leite, por exemplo, que pode comprar maquinários para refrigeração melhorando assim a qualidade do seu produto na entrega dos laticínios”, detalha sofre as formas de uso dos créditos.

Anúncio de R$ 7 bilhões

O Plano Safra da Agricultura Familiar de 2024/2025 foi lançado com R$ 76 bilhões de crédito. O valor é apenas 6,15% superior ao do ano passado, quando foram R$ 71,6 bilhões para crédito rural. Em comparação com o crédito para agricultura familiar no último governo, houve alta de 43%. O governo também menciona, dentre as prioridades, o incentivo à produção de arroz no país. O item foi objeto de leilão para compra pelo governo, após a tragédia no Rio Grande do Sul, cancelado ontem, após suspeitas de fraude.

Quem produzir arroz, por exemplo, encontrará juros reduzidos para 3%, no caso do convencional, e 2% no orgânico. Cerca de 10 linhas de financiamento de crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tiveram redução de taxas. O valor para o Pronaf será de R$ 76 bilhões), 43,3% maior do que anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra passada. Ao todo, serão R$ 85,7 bilhões em ações do Governo Federal para a agricultura familiar, crescimento de 10%.

Foram 1,7 milhão de contratos celebrados no último Plano Safra da Agricultura Familiar. Em relação à safra anterior houve um aumento de 18% no número de operações e 12% em relação ao volume contratado. Agora, com o volume ainda maior de recursos equalizados (R$ 45,4 bilhões), o objetivo é ampliar o número de agricultores familiares beneficiados e incentivar a produção sustentável de alimentos saudáveis.

O Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/25 também é mais agroecológico. A taxa de juros para a produção orgânica, agroecológica e de produtos da sociobiodiversidade será de 2% no custeio e 3% no investimento. Outro destaque será o lançamento do edital do programa Ecoforte, em seu maior valor histórico, para apoiar projetos de redes de agroecologia, extrativismo e produção orgânica.

A Secretaria-Geral da Presidência da República, que coordena a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), firmaram um Acordo de Cooperação Técnica com o BNDES e a Fundação Banco do Brasil no valor inédito de R$ 100 milhões para o edital do Programa Ecoforte. São recursos que irão beneficiar 40 redes e 30 mil agricultores familiares.

Agricultura empresarial

Ontem também foi divulgado o Plano Safra 24/25 com R$ 400,59 bilhões para agricultura empresarial. Para impulsionar o setor agropecuário brasileiro, oferecendo linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para médios e grandes produtores. Neste ano safra, o montante destinado para financiamentos, teve um aumento de 10% em relação à safra anterior.

Ainda, os produtores rurais podem contar com mais R$ 108 bilhões em recursos de LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), para emissões de Cédulas do Produto Rural, que serão complementares aos incentivos do novo Plano Safra. No total, são R$ 508,59 bilhões para o desenvolvimento do agro nacional.

Dos R$ 400,59 bilhões em crédito para a agricultura empresarial, R$ 293,29 bilhões (+8%) será para custeio e comercialização e R$ 107,3 bilhões (+16,5%) para investimentos.

 

Por Suzi Jarde

 

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