Cinco meses sem o comunismo, no governo Lula

Foto: Arquivo
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Na última eleição, ouvimos de alguns amigos ou parentes que, caso Lula fosse eleito presidente, o comunismo seria implantado no Brasil. O mais intrigante é que Lula já foi presidente por oito anos do Brasil e o tal comunismo nunca foi implantado e sequer cogitado. Estamos há 151 dias do terceiro mandato do presidente Lula, ou seja, cinco meses do novo governo, e o comunismo, tão anunciado pela oposição de extrema-direita, não foi implantado no Brasil.

Quer saber mais? Não será! Lula está bem distante do comunismo. Mas, pasmem, pesquisa realizada entre os dias 2 e 6 de março de 2023, com 2 mil pessoas, de 128 municípios brasileiros, afirma que 44% da população brasileira, quase metade, vê “ameaça comunista” no governo Lula. Entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, 31% acreditam que a mudança do regime do país pode realmente ocorrer. É importante destacar que Bolsonaro tem uma tara, uma atração nítida, pelo tal comunismo. Confesso que tenho dúvidas se quem defende tal tese de implantação do comunismo sabe realmente o que está falando.

Em seus discursos, boa parte das vezes negacionista, ou seja, que se afasta da ciência e da realidade, Bolsonaro traz à tona o comunismo. Durante a campanha à Presidência de 2022, Bolsonaro fez inúmeros discursos inflamados que, caso Lula fosse eleito, a esquerda instauraria o comunismo, gerando crise econômica e social como a de Cuba e a da Venezuela. Mas, por qual motivo esse “fantasma do comunismo” aparece a cada nova eleição? Não se trata de uma tática nova. Bolsonaro apenas repete o discurso de um inimigo comunista que está em vias de dominar o país e que ele é o único salvador da pátria.

A ideia é criar uma narrativa de medo na sociedade, que os comunistas irão invadir, saquear e trazer o caos. Vale lembrar que o Golpe Militar de 1964 se fundamentou, em boa parte, na luta contra o comunismo, que sequer era defendido pelo presidente da época, João Goulart. Portanto, a ideia de rotular Lula como comunista é, nada mais, nada menos que, de uma forma pensada por Bolsonaro, tentar exterminar quem pensa diferente dele, usando fake news. Aos parentes e amigos que me falaram que Lula implantaria o comunismo, peço, por favor, que analisem bem e percebam que foram vítimas de uma grande mentira e que, também, propagam mentiras.

Estamos há cinco meses no novo governo e ninguém nunca viu e verá o presidente falando de mudar o regime para o comunismo. Nenhuma pessoa é obrigada, na democracia, a gostar da gestão do Lula. Podem e devem criticá-lo no campo das ideias, mas usar do “fantasma do comunismo” para ser oposição diminui quem a faz e a própria democracia. Ao invés do debate pobre do “fantasma do comunismo” devemos discutir outros fantasmas, como o da fome, o da falta de emprego, o da violência doméstica, o do racismo, o da corrupção, entre tantos outros.

Por Tiago Botelho.

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2 thoughts on “Cinco meses sem o comunismo, no governo Lula”

  1. Ótimo texto, Tiago. Realmente, o Lula tá muito longe de qualquer pauta comunista. É interessante esclarecer esses mitos, principalmente para não gerar espantalhos que se tornam alvo para causar pânico moral. Bolsonaro, sua família e aliados devem ser investigados e punidos pelo rigor da lei, e a sociedade deve fiscalizar de perto, da mesma forma de quando prenderam o Lula. Ainda lhes damos o direito ao gozo constitucional de ser julgado por uma corte imparcial, coisa que eles não fizeram!

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