Os 1.940 casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) foram registrados em Mato Grosso do Sul no mês de abril. Conforme o boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), os dados revelam alta incidência de casos em bebês e crianças de até nove anos. Outro perfil constantemente afetado é o de pessoas com mais de 60 anos. Um dos principais motivos para os números alarmantes é a subestimação da gravidade da SRAG, o que provoca a baixa adesão à vacina.
Com quase dois mil casos registrados somente em abril, a gerente técnica de Influenza e Doenças Respiratórias da SES, Lívia Mello, destaca que a subestimação da síndrome é uma das principais causas para os números elevados. “Pessoas minimizam a SRAG e acreditam que é gripe comum”, lamenta.
Dentre os perfis afetados, o boletim aponta que além de bebês e crianças — faixa etária com maior incidência, representando 21,9% dos casos, ou seja, 584 diagnósticos —, outro grupo preocupante é o de pessoas com 60 anos ou mais, que somam 535 notificações. A gerente técnica alerta que a síndrome gripal pode evoluir para síndrome respiratória aguda grave, alertando a população sobre o risco de ambas as síndromes e a importância da imunização.
“Em quatro dias você se recupera de uma gripe leve, mas a síndrome respiratória grave, para ser grave, começa com uma síndrome gripal. Tanto que em apenas sete dias, 14 óbitos pela síndrome foram registrados, sendo nove em Campo Grande. Essa percepção errada também contribui para a baixa procura pela vacina e alta de casos “, afirma.
Na Capital, tanto nas unidades públicas quanto na rede privada, os leitos infantis seguem com superlotação. Lívia Mello salienta que a alta taxa de hospitalização está diretamente ligada ao perfil dos casos de SRAG. Como estratégia para a redução de casos e internações, os municípios têm adotado ações para facilitar o acesso à vacina, com campanhas realizadas em creches, escolas, mercados, shoppings e instituições de longa permanência para idosos. O objetivo é ampliar a cobertura vacinal.
Contudo, a baixa adesão ocorre principalmente entre os integrantes do grupo prioritário: crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos.
Lívia Mello esclarece que o objetivo da vacina não é impedir completamente que a pessoa adoeça, mas evitar que a síndrome evolua para casos graves ou resulte em óbitos. Ela acrescenta que o fato de algumas pessoas contraírem o vírus após a aplicação da vacina — sem entender o tempo necessário para que o organismo desenvolva resposta imunológica — também contribui para a baixa procura.
“A vacina é o seguinte, você não toma vacina hoje e você já tem uma resposta imunológica para ela hoje. São 15 dias para o organismo reagir de forma mais eficaz após a aplicação”, explica.
Além disso, ela reforça que o vírus já circula desde o início do ano, embora tenha maior intensidade nos meses mais frios, como abril, maio, junho e julho. “Os grupos prioritários não estão procurando como deveriam a vacinação. Porque, se quando iniciou a campanha todos já procurassem e estivessem imunizados, não estaríamos com essa alta de casos que nós estamos nas últimas seis semanas, pois já estariam imunizados”, destaca.
Durante coletiva de imprensa realizada ontem (25), a prefeita Adriane Lopes informou que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) está monitorando a falta de leitos e reforçando os cuidados com as crianças, além de intensificar o incentivo à vacinação por meio de equipes em Campo Grande. “Se necessário for, teremos uma reunião extraordinária”, declarou a prefeita.
Além da vacinação, outras medidas de prevenção recomendadas pela Sesau são: evitar aglomerações e locais fechados, não ter contato com pessoas sintomáticas, utilizar máscaras e higienizar bem as mãos.
Por Ana Cavalcante
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