Semáforos desligados na Avenida Tamandaré mostram a rotina dos moradores que convivem com prejuízos
O furto de cabos elétricos deixou sem funcionamento, na manhã desta sexta-feira (8), o semáforo no cruzamento da Avenida Tamandaré com a Rua Tietê, na Vila Sobrinho, em Campo Grande – MS. Segundo a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), o crime ocorreu por volta das 5h30, quando a fiação foi cortada em um ponto de fácil acesso, afetando apenas a sinalização. Técnicos levaram cerca de 40 minutos para restabelecer o serviço.
De acordo com os profissionais que atuaram no reparo, a maior parte dos casos de semáforos apagados na Capital tem relação com furtos de cabos ou com ninhos de aves — especialmente de periquitos — alojados na fiação.
Em entrevista ao Jornal O Estado, o subcomandante da Guarda Civil Metropolitana, inspetor Alexandre de Souza Pedroso confirmou que em parceria com a Agetec (Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação de Campo Grande), a prefeitura vai instalar sensores nas caixas dos semáforos na tentativa de evitar novos furtos de fios, além da instalação de Câmeras com reconhecimento facial.
“A Agetec está implementando um sistema novo, junto aos semáforos, nas caixas de conexão, onde geralmente acontecem essas tentativas de furtos, para instalar sensores que, assim que a caixa seja aberta, vão emitir um sinal para que as equipes da guarda despachem as viaturas. Além disso, temos os monitoramentos pelas câmeras para acompanhar a movimentação e temos mais 10 câmeras sendo instaladas com reconhecimento facial na região central para fazer o registro e qualificação do autor, e ver se é reincidente”, adiantou.
Além disso, ele pontua que diariamente recebem cerca de 150 ligações, das quais, pelo menos, 30 são referentes a denúncias sobre furtos de fios. Com destaque para as regiões Centro, Lagoa e Anhanduizinho que concentram os maiores índices de casos.
“No Anhanduizinho temos as avenidas longas, então temos longas fiações de iluminação pública e tem sido recorrente. Temos no bairro Jacy, nas proximidades da Vila Nhanhá, na região do Lagoa, temos a Vila Juliana e o São Conrado. De janeiro até aqui, foram 11 operações ferro-velho, com mais de 140 comércios fiscalizados e 34 autos de infração que geraram R$ 340 mil em multas. A maior operação foi nesta quinta-feira (7), onde atuamos junto com a Polícia Civil, nas sete regiões”, destaca.
Outro ponto de alerta é para que a população fique atenta a qualquer movimentação suspeita, recentemente, casos envolvendo veículos plotados como os carros da prefeitura de Campo Grande acendem o alerta.
“Tivemos casos de pessoas com carros caracterizados supostamente da prefeitura e o próprio morador suspeitou e nos acionou. De imediato conseguimos interceptar com mais de 300 metros de cabos. Isso mostra como a participação da população é muito importante e denúncias podem ser feitas pelo 153”, reforça.
Parte da Rotina
A reportagem esteve na Avenida Tamandaré e conversou com o comerciante Luiz Idelmar Gonçalves, de 69 anos, que há mais de três anos mantém seu negócio na região. Ele conta que furtos de fios, tampas de hidrômetro e outros itens metálicos se tornaram parte da rotina.
“Ali na esquina, na frente da choperia, foi de madrugada. Levaram toda a fiação, ficaram dois dias fechados para trocar e colocar de novo. Aqui tem muitas reclamações. Cliente vem comprar fio porque roubaram. Virou normal. Hoje, você não pode deixar uma casa vazia que já vão e puxam toda a fiação. Anunciam para alugar e o dono descobre que foi roubado”, disse.
O comerciante afirma que a procura por fios aumentou, reflexo direto dos furtos. “Isso é de nova data. E não é só fiação. As tampas de caixa de hidrômetro hoje custam R$ 340. Leva só por maldade. E a indústria não vende só a tampa: tem que comprar a caixa toda, que é mais cara”, completa.
No mesmo dia, a Polícia Militar prendeu em flagrante um homem suspeito de furtar fios na Avenida Bandeirantes. Ele estava com uma faca e cerca de 15 metros de cabo. Moradores e comerciantes acionaram a polícia. “Ficamos sem internet e isso atrapalha muito quem trabalha. Precisamos de mais ação da polícia nesta região”, reclamou um morador.
Os furtos de fiação, cada vez mais frequentes em Campo Grande, provocam prejuízos que vão além da troca do material levado. Além da pane em semáforos, há interrupção no fornecimento de energia e queda de serviços de internet e telefonia, deixando bairros inteiros sem comunicação.
Donos de ferro-velho se trancam em imóvel durante ação contra furto de cobre
Proprietários de um ferro-velho na Avenida Tamandaré, Bairro Vila Sobrinho, se trancaram no imóvel durante operação conjunta da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana nesta quinta-feira (7). A ação apura o comércio ilegal de fios de cobre na Capital e percorreu vários pontos da cidade.
Segundo apurado, as equipes chegaram ao local após denúncia. Os donos alegaram que só permitiriam a entrada após a chegada do advogado. Com a presença do defensor, eles liberaram a entrada, e os guardas recolheram mais de 200 quilos de cobre sem comprovação de origem.
O alvará do estabelecimento também está irregular e os proprietários serão notificados. Até o momento, não foi informado se eles serão levados à delegacia.
De acordo com a Polícia Militar, a operação — batizada de Ferro-velho — foi deflagrada simultaneamente nas sete regiões urbanas de Campo Grande, com início às 6h30. O objetivo é coibir a receptação ilegal de materiais metálicos, crime que prejudica diretamente serviços essenciais como iluminação pública, telecomunicações, transporte e segurança. (Colaborou Carol Chaves)
Por Suelen Morales e Michelly Perez
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