Repactuação do contrato é avaliada como um mau negócio para o desenvolvimento de todo o Estado
Após 120 dias de negociações, o governo de Mato Grosso do Sul e a CCR MSVia repactuaram o contrato de concessão da BR-163. A continuidade da empresa na administração da rodovia foi duramente criticada por prefeitos de municípios do interior de MS que aguardam, há mais de 10 anos, entre outras melhorias, a duplicação da via, que era prevista para ser entregue em 2019, mas, até hoje, não foi concluída.
A CCR MSVia, agora batizada de Motiva Infraestrutura de Mobilidade S/A, foi a única a apresentar proposta para o leilão de otimização de contrato de concessão rodoviária federal, o primeiro deste modelo a ser realizado no Brasil, e que aconteceu na tarde desta quinta-feira (22), na B3, em São Paulo (SP).
Em entrevista ao jornal O Estado, a prefeita de Mundo Novo, Rosária de Fátima, afirmou que a continuidade da empresa à frente da rodovia é um desrespeito. O contrato, que seria válido até 2044, foi reajustado para mais 10 anos, chegando até 2054.
“Vamos continuar passando a vergonha que é a concessão para essa empresa. E ainda pioraram o contrato e vai durar mais 30 anos, mesmo não tendo nenhum avanço, ou seja, vamos ter que esperar ainda mais por essa duplicação, que já era para estar feita”, afirmou.
A prefeita ainda ressaltou a importância de conceder o trecho para uma empresa privada, uma vez que a via é a principal artéria do Estado, sendo usada por produtores locais e, também, de outros municípios do Centro–Oeste para o escoamento da produção.
Por sua vez, o prefeito de Coxim, Edilson Magro, classificou como “lamentável” a repactuação do contrato. Apesar de desaprovar a assinatura do novo contrato, o Chefe do Executivo tem esperança de que, dessa vez, a CCR MS Via cumpra o que foi acordado em 2014, quando conquistou a concessão da via.
“É lamentável, porque ficamos à mercê das grandes empresas. Agora, esperamos que cumpram o que está no contrato, que é a duplicação da BR-163. Se eles cumprirem esse contrato de 2014, não tem problema”, disse.
A repactuação também foi desaprovada pelo prefeito de Jaraguari, Cláudio Ferreira
“Como não entregaram a duplicação, também não conseguimos fazer nossa via lateral para as pessoas poderem circular com mais tranquilidade e precisamos resolver isso o mais rápido possível. Jaraguari está parado no tempo por causa disso”, destacou.

” Isso pode afastar investimentos, porque somos produtores de produtos primários” – Cláudio Cavol, diretor-presidente do Setlog-MS / Foto: Divulgação
No setor de transporte de cargas e logística, a repercussão do leilão também foi negativa. O presidente do Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul), Cláudio Cavol, afirmou que a repactuação vai fazer com que a BR fique mais 30 anos sem as obras necessárias, colocando a vida e o emprego de muitas pessoas, especialmente caminhoneiros, em risco.
“Eu acredito que isso pode afastar os investimentos, porque MS é produtor de produtos primários, sem muito valor agregado, então, a economia não consegue absorver rodovias com pedágios muito caros.
Licitação suspensa
A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) suspendeu a licitação dos radares em Campo Grande, com a justificativa de “análise e resposta dos pedidos de esclarecimentos referentes ao certame”.
Conforme o diretor-presidente da Agência, Paulo da Silva, alguns questionamentos fizeram com que suspendesse temporariamente. “É um processo muito complexo, surgiram 5 questionamentos, nossos planos são sanar essas dúvidas e abrir esse edital, no máximo, em 1 semana”, esclareceu