“Se pudesse, compraria 200 ônibus”, diz diretor do Consórcio, que recorreu da renovação da frota

Themis disse que redução do número de veículos, acompanhou queda de passageiros - Foto: Izaias Medeiros
Themis disse que redução do número de veículos, acompanhou queda de passageiros - Foto: Izaias Medeiros

Às vésperas do término do prazo, Themis de Oliveira diz que é impossível adquirir veículos em 30 dias

 

No último dia das oitivas da terceira fase da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Transporte Coletivo, realizada nesta quarta-feira (18), o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, afirmou que a empresa recorreu judicialmente da determinação expedida pela prefeitura de Campo Grande, que exige a troca de 98 ônibus que estão fora do prazo de validade para a circulação até o dia 21 deste mês.

De acordo com o sucessor de João Rezende à frente da concessão – que prestou depoimento à CPI na segunda-feira (16), o Executivo ter solicitado essa troca de forma quase imediata foi uma atitude de “jogar para a plateia”, porque não é possível que a empresa realize a substituição com um prazo tão curto.

O pedido foi publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), no dia 21 de maio, durante o andamento da CPI, mas, antes da terceira fase, destinada a ouvir os empresários, trabalhadores e outras pessoas ligadas ao Consórcio Guaicurus. Em todas as oitivas, a má qualidade do serviço prestado, a superlotação, o sucateamento dos veículos e a redução da frota foram temas constantes nos questionamentos dos parlamentares. “Se eu pudesse, eu não trocava 98 ônibus, mas comprava uns 200 de uma vez. O mercado não oferece isso, não existe ônibus de prateleira que fica pronto em 30 dias. Quando se manda trocar uma frota em 30 dias, é jogar para a plateia”, afirmou.

Themis, que está à frente do Consórcio desde janeiro deste ano, afirmou que chegou a procurar empresas para fazer ônibus novos, contudo, elas pedem prazos maiores, uma vez que o processo exige, primeiro, a construção de um chassi e depois o encaroçamento na fábrica.

“Busquei a Marcopolo, que tem uma parceria de longa data com o Consórcio, mas eles pedem 150 dias para que o ônibus fique pronto depois da entrega do chassi, que deve ser encomendado e tem 120 dias para ser fabricado”, detalhou, enfatizando que o prazo estipulado pelo Executivo não será possível de ser cumprido e a empresa recorreu judicialmente para que a multa prevista também seja cessada.

De acordo com a publicação no Diogrande, que é assinada pelo diretor da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Delegados de Campo Grande), José Mário Antunes da Silva, que também foi inquirido pela CPI, o descumprimento da determinação irá gerar multa de 5% sobre o valor da receita diária da empresa por dia de descumprimento.

Redução e precarização

Questionado sobre o destino dos 114 ônibus retirados de circulação desde o início da concessão, em 2012, o diretor-presidente afirmou que foram vendidos e substituídos posteriormente, não gerando prejuízo aos passageiros.

Por outro lado, o empresário disse que a redução da frota também se deu pela redução na quantidade de passageiros com o passar dos anos, especialmente após o período pandêmico. “Para 2024, no pior dos cenários, estava previsto o transporte de 85 milhões de passageiros, mas essa quantia caiu drasticamente, ficando bem abaixo do esperado”, afirmou, destacando que a quantia de veículos operando hoje é suficiente para atender o público que depende do transporte público para se locomover pela cidade.

Por fim, Themis destacou que não é possível fazer a troca da frota sem um aporte da prefeitura, que também tem obrigações contratuais como poder concedente. Conforme os dados apresentados, a renovação dos veículos custaria, em média, R$170 milhões.

“Sem o poder público, é impossível. Qualquer banco que olhe nossos balanços vai ver que teríamos problemas para pagar se não tivermos aportes”, disse.

Ainda segundo o chefe da concessionária, a empresa está trabalhando para a repactuação do contrato com a prefeitura, mas é necessário o apoio da Câmara Municipal de Campo Grande, do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e judiciário para que cheguem a um acordo com o Executivo Municipal.

 

Por Ana Clara Santos

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