Especialistas explicam os riscos, a prevenção e a importância da vacinação contra o HPV; Confira

Foto: Divulgação/ Ministério Saúde
Foto: Divulgação/ Ministério Saúde

IST pode levar a diferentes tipos de câncer, mas medidas simples reduzem os riscos 

Ontem (04), foi o Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV e para garantir mais informações sobre a doença especialistas do Hospital Universitário da UFMS especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reforçam um recado sobre  prevenção que está ao alcance de todos.

O Papilomavírus humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns no mundo e Além disso, ele está associado ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como o de colo do útero, ânus e orofaringe.

Segundo o Ministério da Saúde, o HPV é um grupo composto por aproximadamente 200 tipos de vírus já identificados, sendo que pelo menos 14 são classificados como de alto risco para o desenvolvimento de câncer. Entre eles, os tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Já os tipos 6 e 11 estão associados a 90% das ocorrências de verrugas genitais.

Como o HPV é transmitido?

A ginecologista Karine Melo Duvivier, especialista em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), explicou que o HPV é um vírus de fácil transmissão e pode infectar a pele e as mucosas de homens e mulheres, provocando verrugas genitais e lesões precursoras de câncer, principalmente no colo do útero, além de outros tipos, como ânus, pênis, orofaringe e vulva. “A transmissão ocorre principalmente durante relações sexuais, incluindo contato vaginal, anal e oral, podendo ocorrer mesmo sem penetração, apenas pelo contato pele a pele na região genital”, explicou.

Além disso, complementou a especialista, o HPV pode ser transmitido da mãe para o bebê durante o parto, embora essa forma de transmissão seja menos frequente. Já a transmissão através de superfícies, toalhas, roupas íntimas e vasos sanitários não pode ser completamente descartada e requer mais investigações para entender sua importância clínica, esclareceu Duvivier.

Diagnóstico

Segundo a ginecologista e obstetra Klissia Pires Souza, do hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap- UFMS), na maioria das vezes, a infecção pelo HPV não apresenta sintomas. O diagnóstico é realizado por meio de exames complementares, como testes de biologia molecular para identificação do vírus, exame preventivo (colpocitologia oncótica), colposcopia e, quando necessário, biópsia. “Quando há sintomas, o principal achado clínico são as verrugas genitais, que têm aparência semelhante à couve-flor. Elas podem surgir na vulva, vagina, colo do útero, ânus e orofaringe.  O HPV pode causar coceira, ardência ou manchas na região das verrugas”, afirmou.

Tratamento

O tratamento do HPV varia de acordo com o tipo e a gravidade das lesões, podendo ser:

  • Lesões benignas (verrugas genitais): tratamento com medicamentos ou remoção cirúrgica.
  • Lesões precursoras de câncer: tratamento cirúrgico, como excisão da zona de transformação (EZT) ou conização.
  • Câncer associado ao HPV: o tratamento depende do estágio da doença e pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia, entre outras abordagens.

Da mesma forma, em Campo Grande, o Humap oferece acompanhamento e tratamento para a maioria das lesões provocadas pelo HPV.

Medidas Protetivas   

A prevenção do HPV é essencial para reduzir o risco de infecção e evitar sua evolução para o câncer do colo do útero e suas lesões precursoras. Nesse contexto, destacam-se o uso de preservativos, que oferecem proteção parcial contra a infecção, e a vacinação, considerada a estratégia mais eficaz de prevenção, que deve ser administrada antes do início da atividade sexual. “Existem no mercado duas vacinas para HPV, todas compostas por proteínas virais. O objetivo delas é estimular o sistema imune, levando à criação da memória imunológica, o que protege o organismo diante da exposição ao vírus na infecção natural “, ressaltou Klissia.

A vacina Quadrivalente (Gardasil), disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), protege contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) e está disponível para os seguintes públicos:

  • Meninas e meninos de 9 a 14 anos: essa faixa etária é priorizada devido à melhor resposta imunológica antes do início da vida sexual ativa. O esquema vacinal é de dose única.
  • Jovens de 15 a 19 anos:  para jovens que não receberam a vacina no período recomendado, o esquema também é de dose única.
  • Outros grupos: a vacina quadrivalente também está disponível no SUS para: homens e mulheres transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea (três doses); pacientes oncológicos (três doses); pessoas vivendo com HIV/Aids (três doses); Imonossuprimidos por doença e/ou tratamento com drogas imunossupressoras (três doses); vítimas de violência sexual (duas a três doses, a depender da faixa etária); pessoas com Papilomatose Respiratória Recorrente (três doses) e usuários de PrEP -Profilaxia Pré- Exposição ao HIV ( três doses).

Confira as dúvidas mais comuns, respondidas pela médica ginecologista e obstetra Klissia Pires Souza, do Humap- UFMS/Ebserh:

O que ocorre quando uma pessoa é infectada pelo HPV?

Estima-se que em torno de 75% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o HPV em algum momento de suas vidas. A infecção pelo vírus pode ser latente, clínica ou subclínica. Os casos de infecção latente são aqueles em que o vírus está presente, mas não causa lesões. Já nas infecções clínicas e subclínicas, o vírus causa algum tipo de lesão que pode ser identificada sem ou com a ajuda de aparelhos, respectivamente.

Quanto tempo o vírus pode ficar incubado?

Sabe-se que os primeiros sinais da infecção costumam surgir entre dois e oito meses após o contágio. O período de incubação do HPV pode variar de alguns meses até 20 anos, por isso não é possível determinar com precisão se o contágio foi recente ou antigo, pois o vírus pode permanecer latente no organismo por anos.

Uma vez diagnosticado com HPV, não existe cura?

A eliminação do vírus pode acontecer de forma espontânea em grande parte dos casos, em aproximadamente dois anos. A partir da cura, o organismo pode ficar suscetível a uma nova infecção pelo mesmo vírus se houver uma reexposição ou pode adquirir imunidade natural permanente.

Ter HPV significa que você vai desenvolver câncer?

A infecção por HPV é muito prevalente. O fato de estar com o vírus não significa que você desenvolverá câncer, mas sim que precisará de acompanhamento médico regular.

Posso tomar a vacina mesmo tendo HPV?

A vacina é sempre bem-vinda em homens e mulheres. O objetivo não é tratar a infecção que você tem no momento, mas evitar a reinfecção. Além disso, a vacina pode diminuir o risco de recorrência da doença após tratamento.

Com informações da Ebserh.

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