Segundo a Marinha, em Ladário, o nível está com 25 cm negativos e a tendência é que siga reduzindo
Fogo e falta de chuva é um dos grandes problemas do Pantanal que vem sofrendo com a estiagem desde 2019 e a situação agravou-se ao longo do tempo. Pela medida da régua na Marinha do Brasil, em Ladário, o nível do rio Paraguai está com 25 cm negativos. Segundo Sérgio Barreto, biólogo do IHP (Instituto Homem Pantaneiro ), coordenador do programa Cabeceiras do Pantanal, no dia 06 de setembro de 2023 o nível era 3,65 m; depois 1,56 m em 2022; 0,08 cm em 2021; 0,58 cm em 2020, quando registramos graves incêndios; e 3,18 cm em 2019, quando a estiagem começou. Dá para notar o quanto o rio recuou, no mesmo período, ao longo desses anos.
“A partir das estações monitoradas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi verificado que as cotas estão abaixo do esperado para o período. E o que temos é que as projeções indicam que ainda que haja chuva neste mês de setembro, estamos caminhando para acumular menos chuva do que em 2021. Aquele ano foi a segunda pior seca do histórico, e a cota chegou a 60 cm negativo. Em 1964, o rio Paraguai chegou à cota de 61 cm negativo. Então, a tendência é que esse nível do rio siga reduzindo, pois não temos previsão de chuvas consideráveis para ajudar a mudar o cenário”, explica.
Ainda conforme o biólogo, além de impactar a biodiversidade, exsite um cenário negativo para o abastecimento de água para populações, como é o caso de Corumbá e Ladário, por exemplo. “Os reflexos das alterações do volume de chuva no bioma acabam gerando esse impacto no rio Paraguai. Mas, além disso, não é só o rio Paraguai que vem passando pela situação de estiagem. Outros rios que formam o rio Paraguai enfrentam a mesma situação. Bem como, temos nascentes, que ficam no Planalto, e que estão comprometidas. Esses problemas podem gerar danos na planície no médio e longo prazo, principalmente quando falamos do rio Paraguai, que está na planície. Atuar na recuperação de áreas de nascentes degradadas é primordial”, reforça Barreto.
Neste sentido, o Instituto Homem Pantaneiro vem atuando na Bacia do Alto Paraguai, na região de Mato Grosso do Sul, para tentar mitigar os danos principalmente que estão ocorrendo com as nascentes.
Amazonas
Na semana que passou o nível do rio Negro baixou, em 24 horas, 25 cm na medição em Manaus (AM), segundo dados do 36º Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil. A cota abaixo da normalidade faz parte do cenário de seca severa enfrentado também pela região amazônica, com impactos em toda a calha da bacia do rio Amazonas.
Há registros de mínimas históricas também nos rios Solimões e Madeira e cotas abaixo da normalidade nos rios Acre e Amazonas, além do Negro. Nesta quarta-feira (4), o nível do rio Negro chegou a 19,01 m, 2,50 metros abaixo do intervalo de normalidade para a época. Em Rio Branco (AC), o rio Acre chegou à marca de 1,31 m, a terceira mais baixa da história, atrás de 1,30 m em 2016 e de 1,24 m em 2022. O rio Amazonas mantém o processo de recessão, com declínios diários de 14 cm em Parintins (AM) e 12 cm em Óbidos (PA).
Vale ressaltar que o Brasil enfrenta a pior seca já registrada desde o início da atual série histórica, em 1950. Segundo um índice que mede as quantidades de água da chuva e da evapotranspiração de plantas, o momento atual supera as estiagens de 1998 e de 2015/2016. A situação tende a se estender, porque as chuva devem atrasar, com chance de intensificação da seca em toda a região central e no Norte do país. (com informações da Folhapress).
Por Thays Schneider